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sábado, 3 de agosto de 2019

Desenvolvimento da sociedade a partir da escola


“Às vezes falamos como se não houvesse alternativa para um mundo de luta e competição, e como se devêssemos preparar nossas crianças e jovens para essa realidade. Tal atitude se baseia num erro e gera um engano.

Não é a agressão a emoção fundamental que define o humano, mas o amor, a coexistência na aceitação do outro como um legítimo outro na convivência. Não é a luta o modo fundamental de relação humana, mas a colaboração.”

Humberto Maturana

Apesar de vivermos numa sociedade cada vez mais competitiva, que disputa de forma  selvagem (quase sempre de uma forma irracional) desde vagas num estacionamento até posições em processos seletivos para acesso ao ensino superior ou a cargos de empresas, educadores e pesquisadores de todo o mundo reafirmam o pensamento de Maturana (1988)¹. Ele destaca que as práticas colaborativas e cooperativas são primordiais: “é preciso aprender a olhar e escutar sem medo de deixar de ser, sem medo de deixar o outro ser em harmonia, sem submissão.”



Em contexto escolar, desenvolver relações harmoniosas entre os alunos é essencial para a aprendizagem, em todos os níveis de ensino. A competência geral de número 9 da Base Nacional Comum Curricular, inclusive, nos fala em “exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos (…)”. Mas como podemos, na prática, desenvolver a cooperação, a colaboração e a harmonia das relações em sala de aula?

As metodologias ativas de aprendizagem, por exemplo, preveem como objetivo práticas colaborativas: aprendizagem baseada em problemas e em projetos, educação maker, game based learning (aprendizagem baseada em jogos) etc. Todas, de algum modo, potencializam o engajamento dos educandos em seu próprio processo de aprendizagem e estimulam a interação entre eles e com os educadores, tornando a relação professor/alunos mais democrática e significativa. 



Contudo, é preciso considerar que, permeando todas essas possibilidades de práticas e metodologias, inscreve-se a importância do desenvolvimento de habilidades e competências para se lidar bem com os aspectos emocionais que surgem nas interações de sala de aula. Pouco adianta um professor solicitar um projeto a ser realizado em grupo, por exemplo, visando a interação entre os alunos, se os aspectos socioafetivos desse processo não são considerados, se o diálogo respeitoso e a escuta atenta do outro nas conversações não são levados em conta, e se o que se estimula é apenas a competição, em vez da colaboração para se chegar à resolução de um conflito/problema ou ao cumprimento de uma meta. Além disso, é preciso que os educandos se sintam confortáveis e seguros ao exporem suas ideias e opiniões, e sejam estimulados a desenvolverem sua criticidade no decorrer de qualquer prática pedagógica.

Assim, verificamos que o que realmente sustenta um processo de aprendizagem significativo pelos educandos, garantindo um ambiente colaborativo, instigante e emocionalmente seguro, é o desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais. Nesse contexto, o cuidado com as emoções que emergem na relação professor/alunos é fundamental, tanto para a construção de um clima relacional que proporcione bem-estar para educandos e educadores, como para que o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos ocorra de maneira eficiente e contextualizada.




Referência

¹MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução: José Fernando Campos Fortes. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Educação e cidadania



Fernando Savater, filósofo espanhol, reflete sobre a relação entre educação e cidadania em sua conferência ao Fronteiras do Pensamento. Segundo Savater, o papel da educação não é apenas treinar habilidades e processos, é também “formar pessoas completas, capazes de utilizar a democracia de uma maneira crítica e positiva”. O filósofo defende, ao longo de sua fala, a importância desta educação para que as pessoas saibam construir seus caminhos de vida, compreender seus papeis na democracia e exercitar seus deveres para com a sociedade. Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2015. 

Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural | Conferência Edgar Morin | Edição Karina Roman | Finalização Marcelo Allgayer | Tradução Francesco Settineri e Marina Waquil



Os educadores são, (…) promotores privilegiados da condição humana e é nesse sentido, justamente, que são reconhecidos como técnicos da relação, o que torna esse seu carácter técnico irredutível a qualquer lógica instrumental. Enquadrada por uma perspectiva pedagógica, a relação humana surge-nos sempre mais do que uma simples ferramenta (Carvalho e Baptista, 2004, pp. 95-96). 


Para Noguero e Solís (2003) o educador social marca a forma de trabalho no grupo, proporcionando ferramentas necessárias (atitudes, valores, capacidades, motivação, etc.) para que a autonomia do mesmo cresça progressivamente (…) (p. 7). A sua figura tem um caráter “eventual” no tempo de vida do grupo com o qual trabalha e, por conseguinte, trata de facilitar em todo o momento que o grupo aprenda e adquira os meios necessários para uma autogestão individual e coletiva (p. 7).



"O Educador Social caracteriza-se pela enorme capacidade de percepcionar a realidade, reflectir, adaptar-se às dificuldades e encontrar saídas possíveis para os múltiplos problemas de âmbito social. Por isso, a sua formação profissional é ser rigorosa articulando o conhecimento, a formação pedagógica reflectida com uma cultura actual e crítica, fundamental à leitura e compreensão do mundo, à capacidade de orientação e decisão que, a cada momento, terá de tomar. 
O seu perfil, estruturado pelos saberes ser, estar e fazer, confere-lhe um conjunto de competências que o tornam capaz de agir técnica e pedagogicamente, com sensibilidade social e ética.



Subjacente aos seus modelos de intervenção está a cultura pedagógica destes profissionais (…)