quarta-feira, 14 de março de 2018

Pessoas boas



A realidade do mundo no qual vivemos é que a bondade é a porta de entrada para incontáveis decepções. No mundo atual a esperteza e a falta de escrúpulos são a ferramenta mais usada para atingir o sucesso, usando-a contra aqueles que mais confiam neles, contra aqueles que ingenuamente julgam o coração de todo o mundo de acordo com o próprio.

E, por pessoa boa, refiro-me a uma pessoa com olhos limpos e generosos, com mãos que se estendem, com ouvidos atentos e coração leve. Trata-se daquele tipo de pessoa que não se nega a ajudar, que compartilha conhecimento, quer divide as riquezas da alma, sem medo do apego emocional. Desapegam-se de si mesmas, porque somente se sentem humanas quando são parte de um todo.




São aqueles amigos que nunca demonstram desinteresse por nós, os colegas de trabalho que ajudam e não guardam apenas para si algum tipo de conhecimento, os familiares que se lembram de nós mesmos do outro lado do mundo. Pessoas boas, gratas, sensíveis, com empatia suficiente para saírem dos seus mundos e abraçarem o mundo de qualquer pessoa que precise de algo.



Infelizmente, quem possui uma essência assim tão bondosa, inevitavelmente será vítima do mau uso e do abuso das suas qualidades por parte daqueles que só pensam em se aproveitar, em maldizer, em puxar tapetes. Isso faz com que as pessoas boas tenham que passar por muitas situações difíceis em que terão que confrontar o bem que possuem com o mal que rodeia a sua vida. Triste mas inevitável, a doçura da amabilidade encontra muitas vezes a contrariedade ferrenha do ódio amargo dos infelizes.


Pessoas bondosas costumam acreditar no melhor de cada um, pintando a vida com as cores leves da humildade e do acolhimento, desejando a felicidade alheia, pois querem que todos sejam tão felizes quanto elas próprias se sentem. E, ao longo do percurso, irão se deparar com o pior do ser humano: com a mentira, com a mesquinhez, com o mau humor e a maldade daqueles que jamais serão capazes de sorrir com gratidão. Mas mesmo assim, as pessoas boas continuarão a sorrir, a caminhar tranquilamente, a acordar com o propósito de ser e de fazer gente feliz, porque é assim que a sua alma se torna cada vez mais rica e agraciada com as bênçãos que só quem é alegre de verdade está pronto para receber todos os dias.

Texto de Marcel Carmago





sábado, 10 de março de 2018

Brene Brown - A Conexão humana: o poder de ser frágil.




https://www.ted.com/talks/brene_brown_on_vulnerability/transcript


Brene Brown estuda conexão humana – nossa habilidade de sentir empatia, pertencer, amar. Em uma palestra comovente e divertida no TEDxHouston, ela compartilha uma percepção profunda de sua pesquisa, que a levou a uma busca pessoal para conhecer a si mesma e entender a humanidade. 

"Vou começar assim: Há uns anos, uma organizadora de eventos telefonou-me porque eu ia ser oradora numa palestra. Ligou-me e disse-me: "Tenho uma dúvida sobre o que hei de escrever sobre si no programa." E eu pensei: "Bem, qual é a dúvida?" E ela disse: "Bem, eu já a vi falar e pensei designá-la como investigadora, "mas receio que não apareça ninguém, porque vão pensar que é chata e sem interesse." (Risos) Ok... E ela continuou: "Mas o que eu gostei na sua palestra "é que você é uma contadora de histórias. "Por isso acho que vou designá-la como contadora de histórias." Claro que a minha parte académica e insegura pensou logo: "Tu vais-me chamar o quê?" E ela: "Vou designá-la como contadora de histórias." E eu pensei algo tipo: "E porque não um duende mágico? (Risos) Fiquei: "Deixe-me pensar nisso um instante." Tentei reunir toda a minha coragem e pensei: "Sou uma contadora de histórias. Sou uma investigadora qualitativa. Coleciono histórias, é isso que faço. Talvez as histórias sejam só dados com uma alma. Talvez eu seja apenas uma contadora de histórias. Então disse: "Sabe uma coisa? "Porque é que não diz que sou contadora de histórias-investigadora?" Ela respondeu: "Ah, ah! Isso não existe!" (Risos) Mas sou uma contadora de histórias-investigadora, e hoje vou falar da expansão da perceção, quero contar algumas histórias sobre uma parte da minha investigação que fundamentalmente expandiu a minha perceção e chegou mesmo a mudar muito a forma como eu vivo e amo, no trabalho e como mãe."



É assim que começa a minha história. Quando eu era uma jovem investigadora, a fazer o doutoramento, no primeiro ano, tive um professor que dizia: "A questão é esta, aquilo que não podemos medir, não existe". Eu pensei que ele só estava a dar conversa, e perguntei: "A sério?" e ele respondeu: "Sem dúvida." Eu tenho um bacharelato em trabalho social, uma licenciatura em trabalho social, e estava a fazer o doutoramento em trabalho social. Durante toda a minha carreira académica estive rodeada de pessoas que acreditavam que "a vida é complicada, ama-a". Eu sou mais do tipo "a vida é complicada, limpa-a, organiza-a "e mete-a num 'tupperware' ". (Risos) Então pensei que encontrara um caminho para começar uma carreira que me levaria — um dos grandes lemas em trabalho social é "apoia-te no desconforto do trabalho". Eu era mais "tirar o desconforto da cabeça, afastá-lo e ter vinte a tudo". Era esse o meu mantra. Eu estava muito entusiasmada com isso. Por isso pensei, esta é a carreira certa para mim, porque eu interesso-me por assuntos complicados. Mas quero ser capaz de os simplificar. Quero percebê-los. Quero ter acesso a estas coisas que sei que são importantes e tornar os códigos acessíveis a toda a gente. 


Por isso comecei pelas relações. Porque, quando se é trabalhadora social há dez anos, descobrimos que é por causa das relações que estamos aqui. É o que dá sentido e significado à nossa vida. É a razão de tudo. Não interessa se falamos com pessoas que trabalham em justiça e saúde mental e que abusam e negligenciam, o que sabemos é que as relações, a capacidade de nos sentirmos ligados — neurobiologicamente é assim que estamos ligados — é a razão de estarmos aqui. Então, pensei, vou começar pelas relações. Vocês conhecem aquela situação quando somos avaliados pela chefe e ela diz-nos 37 coisas em que somos espantosos, e uma coisa — uma oportunidade para evoluir? (Risos) Só conseguimos pensar na oportunidade para evoluir, não é? Aparentemente foi assim que o meu trabalho foi avaliado, porque, quando perguntamos às pessoas o que é o amor, elas falam dos seus corações partidos. Quando perguntam a alguém sobre integração elas contam-nos as suas experiências mais dolorosas de serem excluídas. E quando perguntamos sobre as relações as histórias que me contam são sobre dissociação. 


Rapidamente — seis semanas depois de começar a investigação — deparei-me com uma coisa desconhecida que destruía totalmente as relações, de uma forma que eu não percebia nem nunca tinha visto. Então afastei-me da investigação e pensei, preciso de descobrir o que é isto. Descobri que era a vergonha. A vergonha explica-se facilmente como o medo da dissociação. "Terei alguma coisa que, se as pessoas descobrirem ou virem, "fará com que eu não seja merecedora da relação". Sobre isto, só posso dizer: é universal; todos a temos. As únicas pessoas que não sentem vergonha não têm capacidade de empatia humana ou de relacionamento. Ninguém quer falar nisso, e quanto menos falamos nisso mais vergonha temos. O que fundamenta esta vergonha, este "não sou suficientemente bom," que todos sabemos que sentimos: "Não sou suficientemente branco. suficientemente magro, "rico, belo, inteligente, corajoso"... O que mais fundamenta isto é uma vulnerabilidade atroz, esta ideia de que, para que as relações aconteçam, temos que permitir sermos vistos, realmente vistos. 


Eu detesto a vulnerabilidade. Por isso pensei, isto é a oportunidade de correr isto à reguada. Vou penetrar nisto, vou descobrir como é que funciona, vou despender um ano, vou desconstruir totalmente a vergonha, vou perceber como é que a vulnerabilidade age, e vou desmascará-la. Eu estava pronta, estava muito entusiasmada. Como calculam, a história não vai acabar bem. (Risos) Sabem como é. Eu podia dizer-vos muita coisa sobre a vergonha, mas tinha de roubar tempo aos outros oradores. Isto é o que vos posso dizer de uma forma resumida e talvez seja uma das coisas mais importantes que já aprendi na década em que fiz esta investigação. O ano previsto para ela acabou por serem seis anos Milhares de histórias, centenas de longas entrevistas, grupos de controlo. As pessoas enviavam-me páginas de diários, enviavam-me as suas histórias, milhares de fragmentos de dados em seis anos. De certa forma, comecei a perceber. A vergonha é isto, é assim que funciona. 

Escrevi um livro, publiquei uma teoria mas havia qualquer coisa de errado. O que que acontecia era que, se eu pegasse nas pessoas que entrevistara e as dividisse entre pessoas que têm realmente o sentido de mérito — tudo se resume a um sentido de mérito — elas têm um grande sentido de amor e de integração são pessoas que lutam para ter esse sentido, as pessoas que estão sempre a pensar se são realmente boas, talvez só houvesse uma variável a separar as pessoas que têm um forte sentido de amor e de integração, e as pessoas que batalhavam para as ter. O que se passa, é que as pessoas que têm um grande sentido de amor e integração acreditam que são dignas desse amor e integração. É só isso. Elas acreditam que têm mérito. Para mim, a parte difícil da única coisa que nos separa do relacionamento é o nosso medo de não sermos dignos de relacionamentos, era uma coisa que, pessoal e profissionalmente, eu senti que precisava de perceber melhor. Peguei naquelas entrevistas todas em que via mérito, em que via as pessoas a viver dessa forma, e só estudei esses casos. 



O que é que aquelas pessoas tinham em comum? Eu tenho um pequeno vício por materiais de escritório, — mas isso é para outra palestra. Eu tinha uma pasta de arquivo, e um marcador, e pensei: Como vou chamar a esta investigação? As primeiras palavras que me vieram à cabeça foram "amor incondicional". Eram pessoas que amavam incondicionalmente, viviam com este profundo sentimento de mérito. Então escrevi isso na capa da pasta de arquivo e comecei a estudar os dados. Nos primeiros quatro dias analisei extensivamente os dados depois voltei atrás, repesquei as entrevistas, as histórias, os incidentes. Qual era o tema? Qual era o padrão? O meu marido saiu da cidade com os miúdos porque eu fico sempre com um feitio maluco à Jackson Pollock, quando estou a escrever, me enfronho no meu papel de investigadora. E eis o que encontrei. O que elas tinham em comum era um sentido de coragem. Vou já explicar a diferença entre coragem e bravura. A definição original de coragem quando entrou pela primeira vez no léxico inglês provém do latim "cor", que significa coração e a definição original era contar a história de quem somos com todo o nosso coração. Estas pessoas tinham, simplesmente, a coragem de ser imperfeitas. Elas tinham a compaixão de serem gentis consigo mesmas primeiro, e só depois com os outros, porque acontece que não podemos ter compaixão com outras pessoas se não formos gentis para connosco. Então, eles conseguiam relacionar-se, — e esta é que era a parte difícil — como resultado de serem autênticas, estavam dispostas a abdicar de quem deveriam ser para serem aqueles que eram, o que é indispensável para haver relacionamento. 



A outra coisa que elas tinham em comum era isto Assumiam completamente a vulnerabilidade Acreditavam que aquilo que os tornava vulneráveis tornava-os bonitos. Não diziam que a vulnerabilidade era confortável nem diziam que era uma coisa dolorosa como eu tinha ouvido nas entrevistas da vergonha. Falavam dela como uma coisa necessária. Falavam na disposição de serem os primeiros a dizer "Amo-te", na disposição de fazer uma coisa em que não houvesse quaisquer garantias, na disposição de respirar enquanto se espera pelo telefonema do médico após uma mamografia. Estavam disponíveis para investir numa relação quer resultasse ou não. Eles achavam que isto era fundamental. 

Pessoalmente, eu pensava que era uma traição. Eu não podia aceitar ter-me comprometido com uma investigação — a definição de investigação é controlar e prever, estudar fenómenos para a razão explícita de controlar e prever. E agora, na minha missão de controlar e prever tinha aparecido a resposta que a maneira de viver é ser vulnerável e deixar de controlar e de prever. Isto levou-me a um pequeno esgotamento... (Risos) ... que, na verdade, se parecia mais com isto. (Risos) Foi mesmo. Eu chamei-lhe esgotamento, mas a minha terapeuta chamou-lhe "despertar espiritual". Soa bastante melhor que um esgotamento, mas posso assegurar que foi um esgotamento. Tive de me afastar dos meus dados e procurar um terapeuta. Vou dizer uma coisa: ficamos a saber quem somos quando ligam para os vossos amigos e dizem: "Preciso mesmo de ver alguém. "Têm alguém que me recomendem?" Porque cinco dos meus amigos ficaram tipo: "Uh! Não queria ser o teu terapeuta." (Risos) E eu: "O que é que isso quer dizer?" E eles: "Só estou a dizer, tu sabes. "Não leves a tua régua." (Risos) E eu respondia: "Ok." 




Por isso arranjei uma terapeuta. A primeira vez que tive consulta com ela, a Diana .- eu levei a lista de como viviam os que amam incondicionalmente, sentei-me e ela perguntou: "Como é que se sente?" e eu disse: "Estou ótima. Estou ok." Ela perguntou: "O que é que se passa?" Ela é uma terapeuta que dá consultas a outros terapeutas. Temos de ir a esses porque têm ótimos detetores de mentiras. (Risos) Então respondi: "O que se passa, é que estou com problemas." E ela disse: "Qual é o problema?" E eu disse "Tenho um problema com a vulnerabilidade. "Eu sei que a vulnerabilidade é o centro da vergonha e do medo. "e da nossa luta pelo mérito, "mas parece que também é a fonte da alegria, da criatividade, "da integração, do amor. "E acho que tenho um problema e preciso de ajuda." Acrescentei: "Mas há uma coisa, nada de assuntos de família, "nada de parvoíces da infância." (Risos) "Eu só preciso de estratégias." (Risos) (Aplausos) Obrigada. Então, ela fez assim... (Risos) Depois perguntei: "É grave, não é?" E ela respondeu: "Não é bom, nem é mau." (Risos) "É apenas aquilo que é." E eu disse: "Oh meu deus, isto vai ser tão chato!"
E foi, e não foi. Demorou quase um ano. Vocês conhecem pessoas que, quando percebem que a vulnerabilidade e o carinho são importantes, rendem-se e caminham para elas? (a) Eu não sou assim. e (b) Eu nem me dou com pessoas assim. (Risos) Para mim, foi uma luta danada que durou um ano. Foi um combate de boxe. A vulnerabilidade aproximava-se, eu afastava-a. Eu perdi a luta, mas provavelmente recuperei a minha vida.  
Então voltei para a minha investigação e passei os dois anos seguintes a tentar compreender o que os que amam incondicionalmente, que escolhas é que eles fazem e o que é que nós fazemos com a vulnerabilidade. Porque é que lutamos tanto com ela? Será que sou a única a lutar com a vulnerabilidade? Não. O que eu aprendi foi isto. Nós insensibilizamos a vulnerabilidade quando estamos à espera da chamada. Engraçado, enviei uma coisa para o Twitter e para o Facebook, a dizer: "Como definem a vulnerabilidade? O que é que vos faz sentir vulneráveis?" Na hora e meia seguinte, tive 150 respostas. Porque eu queria saber o que se passa lá fora. "Ter de pedir ajuda ao meu marido, "porque estou doente, e somos recém-casados", "Iniciar a vida sexual com o meu marido", "Iniciar a vida sexual com a minha mulher", "Ser rejeitado", "Convidar alguém para sair", "Esperar pela chamada do médico", "Ser despedido", "Despedir pessoas" — este é o mundo em que vivemos. Nós vivemos num mundo vulnerável. Uma das formas de lidar com isto é insensibilizando a vulnerabilidade. 
Acho que há provas — e não é a única razão por que esta prova existe, mas acho que é um motivo enorme — nós somos a geração mais endividada, obesa, viciada e medicada da história dos EUA. O problema é que — e descobri isto durante a investigação — não conseguimos insensibilizar seletivamente as emoções. Não podemos dizer, esta é a parte má. Esta é a vulnerabilidade, esta a dor, esta a vergonha, este é o medo, este é o desapontamento, eu não quero sentir estas coisas. Vou beber umas cervejas e comer um queque de banana e nozes. (Risos) Eu não quero sentir estas coisas. E sei que estão a rir por experiência própria. Eu ganho a vida a invadir a vossa vida. Céus! (Risos) Não podemos insensibilizar sentimentos fortes sem insensibilizar os afetos, as emoções. Não pode ser feito seletivamente. Por isso, quando insensibilizamos estes, insensibilizamos a alegria, insensibilizamos a gratidão, insensibilizamos a felicidade. E depois sentimo-nos infelizes e andamos à procura de objetivos e significados. Depois sentimo-nos vulneráveis, bebemos umas cervejas e um queque de banana e noz. Isso torna-se um perigoso ciclo vicioso. 


Acho que uma das coisas em que temos de pensar é porquê e como ficámos insensíveis. Não tem de ser apenas vício. Outra coisa que fazemos é que tomamos por garantido tudo o que é incerto. A religião passou de um credo na fé e no mistério para uma certeza. Eu estou certo, tu estás errado. Cala-te! Ponto final. Só certezas. Quanto mais medo temos, mais vulneráveis nos tornamos, mais medo temos. É assim que age hoje a política. Já não existem discursos. Já não há conversas. Só há culpas. Sabem como se descreve a culpa na investigação? Uma forma de descarregar o sofrimento e o desconforto. Nós somos perfeitos. Se há alguém que queira que a sua vida fosse assim, esse alguém sou eu, mas não funciona. Porque o que fazemos é tirar gordura do traseiro e colocá-la nas bochechas. (Risos) Espero que, daqui a cem anos, as pessoas olhem para trás e digam "Uau!"
E aperfeiçoamos, de forma muito perigosa, as nossas crianças Vou dizer-vos o que pensamos das crianças. Eles vêm armados para a luta quando cá chegam. Quando seguramos naqueles bebés, pequenos e perfeitos, nas mãos, o nosso trabalho não é dizer "Olhem para ele, é perfeito". O meu trabalho é mantê-lo perfeito? Garantir que ele entra na equipa de ténis no 6.º ano e em Yale no 7.º? Essa não é a nossa função. O nosso trabalho é olhar e dizer: "Sabes uma coisa? És imperfeito e tens as armas para lutar, "mas és digno de ser amado e de ser integrado". Este é o nosso trabalho. Mostrem-me uma geração de crianças educadas assim, e acho que os problemas que temos hoje desaparecerão. 




Nós fazemos de conta que o que fazemos não afeta as outras pessoas. Fazemos isso na nossa vida privada. Fazemos isso no trabalho, quer seja uma emergência, um derrame de petróleo uma convocatória. Fazemos de conta que o que fazemos não tem grande impacto nas outras pessoas. Eu diria às empresas: "Não somos assim tão ingénuos. "Só precisamos que vocês sejam autênticos e verdadeiros e digam:
"Desculpem. Nós vamos solucionar isso."
Mas há outra forma e deixo-vos com esta ideia. Isto foi o que eu descobri: Exponham-se, totalmente expostos, vulneravelmente expostos. Amem com todo o vosso coração, mesmo que não haja garantias. Isso é muito difícil. Posso dizer-vos, enquanto mãe, é dolorosamente difícil praticar a gratidão e a alegria naqueles momentos de terror, em que pensamos: "Posso amar-te assim tanto? Posso acreditar nisto apaixonadamente? "Posso defender isto seriamente? "Poder parar e, em vez de prever uma catástrofe que pode acontecer, "dizer: 'Estou tão grata', "porque sentir-me assim tão vulnerável quer dizer que estou viva." Por fim, o que eu acho que provavelmente é o mais importante, é acreditar que somos capazes. Porque, quando trabalhamos num sítio onde podemos dizer "Sou capaz..." deixamos de gritar e começamos a ouvir, somos mais generosos e gentis com os que nos rodeiam, e somos mais generosos e gentis para nós mesmos.
É o que tenho a dizer. Obrigada.