segunda-feira, 18 de junho de 2018

Psicopatas Corporativos: Eles existem e deterioram o clima organizacional



«Clive é professor de liderança e comportamento organizacional na Middlesex University, na Inglaterra. Nos últimos sete anos, ele estudou as evidências e os efeitos da liderança tóxica e, em particular, a influência da presença de psicopatas corporativos em vários resultados no local de trabalho, inclusive nos níveis de conflito e intimidação no trabalho.»











A fase Ingresso, na empresa, corresponde ao processo seletivo, onde o psicopata surge como uma figura cativante, charmosa buscando seduzir o entrevistador para conseguir a vaga; 

  • na fase “estudo de território” o psicopata já dentro da empresa busca construir relações com os colegas influentes dentro da empresa
  • na fase “manipulação de pessoas e fatos”, de forma camuflada e disfarçado de amigo o psicopata semeia a discórdia entre colegas, espalha falsas notícias, usa os colegas como ferramentas da sua estratégia de ascensão
  • na fase da confrontação o psicopata abandona as pessoas que considera não ter mais utilidade em sua estratégia e passa a humilhá-las, essa é a arma para que esses colegas fragilizados se mantenham em silêncio sobre o que sabem a respeito dele;
  •  na fase de ascensão, o psicopata alcança seus objetivos e obtém a posição desejada dentro da empresa, geralmente através de demissões e rebaixamento de cargo de seu antigo chefe. 

A AÇÃO DO PSICOPATA NA EMPRESA 
O ambiente empresarial extremamente competitivo faz com que as algumas organizações busquem por um perfil de profissional que o psicopata sabe desempenhar com ninguém. Babiak e Hare (2006, p.256) afirmam que: “O clima empresarial de hoje, acelerado, competitivo e muitas vezes caótico, promove o estímulo que os psicopatas buscam e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo e abusivo”. Alguns contextos organizacionais são mais propícios à atuação do psicopata corporativo e ao assédio moral do que outros. Em alguns locais, o assédio encontra espaço para se desenvolver sem que haja uma restrição, pelo contrário, o terreno se mostra fértil e permissivo (Possas et al 2014, p.4) De acordo com Silva (2014), na ânsia de crescimento em curto espaço de tempo, algumas empresas perdem seus alicerces morais, e tendem a valorizar pessoas com características inescrupulosas, para a autora, existem empresas e instituições psicopáticas. Em um primeiro momento manter indivíduos com personalidade psicopática no quadro de funcionários e geralmente ocupando cargos de liderança pode até ser produtivo e vantajoso para a empresa, porém de acordo com Adrews (2015, p.1) em longo prazo eles podem custar caro para a organização: “eles derrubam o moral da equipe, causam excesso de rotatividade e reduzem a produtividade”. Desprovidos de consciência ética, de escrúpulos e egocêntricos eles trabalham para eles mesmos e jamais para a empresa.  





Para Horta (2001), psicopatas apesar não serem movidos por emoções, sabem “ler” as pessoas, ou seja, conseguem rapidamente captar o que emociona o outro, o que fragiliza, o que o deixa feliz e com isso conseguem aproximar-se e criar um vínculo aparente para agirem inescrupulosamente, para esses indivíduos “infringir as normas e externar seus desejos agressivos e predatórios sem nenhum escrúpulo ou culpa são atitudes naturais e, por isso mesmo, isentas de qualquer autocrítica” (SILVA, 2014, p.100).


Estima-se que 1% da população adulta que trabalha é formada pelos chamados psicopatas corporativos, profissionais que não medem esforços para crescer e são capazes de ferir psicologicamente (quando não fisicamente) colegas de trabalho para conseguir o que almejam. Um estudo feito pelos pesquisadores americanos Paul Babiak e Robert Hare, dois experts no tema, afirma que cerca de 10% da população apresenta traços de psicopatia suficientes para ter impacto negativo em seus companheiros. Como o psicopata social, que se deleita com o sofrimento de suas vítimas, o corporativo não é louco, mas é essencialmente mau. “Ele está ciente dos efeitos que seu comportamento tem nas pessoas ao seu redor, mas simplesmente não se importa”, diz o psicólogo australiano John Clarke, autor do livro “Trabalhando com Monstros – Como Identificar Psicopatas no Trabalho e se Proteger Deles” (Editora Fundamento).
                                                                                                                                               Psicopatia tem cura?
Não. Psicopatia é um transtorno de personalidade e não uma doença como muitos pensam, logo não existe cura para um transtorno, o que se pode fazer é tentar corrigir comportamentos suspeitos com acompanhamento de um terapeuta e psiquiatra, se forem notados logo na infância.
Contudo um adulto psicopata dificilmente mudará seu comportamento. Na essência ele não tem empatia por outros indivíduos, nem o sentimento de culpa, por isso costumam quebrar regras, mentir descaradamente e prejudicar os colegas sem o menor remorso. Para um psicopata ações imorais fazem parte da rotina naturalmente e por isso não hesitam em manipular e usar todo o seu charme e carisma para alcançar seus objetivos.


Méritos da autora Ana Beatriz Barbosa Silva, que, baseada em sua ampla experiência clínica em comportamento humano e psiquiatria, despiu sua escrita do jargão acadêmico em favor de uma linguagem envolvente e acessível a um público amplo. Ana Beatriz é referência em sua área de estudo, tornando-se presença constante na mídia, em especial na TV.
«Frios, calculistas e insensíveis à dor alheia, os psicopatas são, segundo a especialista, muito mais numerosos do que se supõe. São homens e mulheres de todas as idades, classes sociais, raças e religiões e podem passar a vida toda sem ser desmascarados. Têm em comum uma mesma rotina – seduzir, mentir, magoar, dissimular, trair, abusar, roubar, agredir – e, diferentemente de grande parte das pessoas, não sentem culpa, remorso, compaixão, arrependimento nem nenhum outro sentimento de responsabilidade para com as pessoas que ferem ou prejudicam. »
Falhas nos atuais modelos de organização familiar, educacional e social são dados importantes que podem se relacionar à psicopatia e merecem estudo aprofundado. No entanto, a autora acredita que não bastam, por si, para explicar o fenômeno da mente psicopata, esvaziada dos sentimentos nobres que nos distinguem como seres humanos. "Admitir que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o 'mal' habita entre nós, lado a lado, cara a cara", comenta a psiquiatra.

https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos16/31124433.pdf

sexta-feira, 15 de junho de 2018

O desenvolvimento emocional das crianças com os animais


Ter um animal de estimação, especialmente numa família com crianças, pode parecer demasiado complicado. Mas as recompensas podem ser muitas, especialmente para os mais novos.
Vários estudos comprovam que 
as crianças que têm um animal de estimação têm um índice de inteligência emocional superior. Isto porque, como destaca a plataforma Love Pet Food, os animais ajudam as crianças a desenvolver diferentes capacidades emocionais.

Compaixão: Se desde pequena a criança tiver um animal de estimação, saberá que aquele animal precisa de atenção. A relação entre a criança e o animal de estimação vai ajudá-la a criar empatia e a conseguir detectar as necessidades do animal. Valências que depois poderá aplicar também em relação às pessoas que a rodeiam.

Responsabilidade: Dar algumas responsabilidades à criança no que diz respeito aos cuidados a ter com o animal de estimação – como ter de lhe dar comida, água, de brincar ou passear com ele – vai dar-lhe um sentimento de competência e realização. Além disso poderá aumentar a independência e a autoestima da criança.
Desenvolvimento cognitivo: Quando fala com o animal de estimação a criança estará a desenvolver o seu sistema cognitivo. Imaginando histórias e desenvolvendo a fala.

Emoção: As crianças podem ter dificuldade em exprimir as suas emoções. Os animais de estimação podem ajudar a criança a sentir-se mais segura e confortável para o fazer.

Gestão do stresse. Estudos apontam que as crianças preferem contar os seus problemas aos animais do que aos pais, por exemplo. Por isso o animal pode ser, além de boa companhia, um gestor de stresse para a criança. Além disso, dar mimos aos animais ajuda a criança a reduzir os níveis de stress.

http://www.noticiasaominuto.com/lifestyle/477693/animais-contribuem-para-a-inteligencia-emocional-das-criancas

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O maior evento de Educação do ano



A Casa do Professor organiza entre os dias 2 e 5 de julho de 2018, em Braga, o maior evento de educação do ano em Portugal, a Conferência Internacional Making Learning Meaningful – Implications for Teachers Training. Este evento divide-se entre os dias 2 e 3 de julho em formato de conferência, no Forum Braga e 4 e 5 de julho em workshops nos Agrupamentos de Escolas Francisco Sanches e Maximinos em Braga. Nesta conferência, cujo título em português significa "Aprendizagem com Sentido(S)", debatem-se os desafios europeus colocados à educação em geral e aos professores em particular. O ponto de partida decorre de um estudo realizado em três países (Polónia, Portugal e Roménia), através do qual se procura responder à pergunta sobre o modo como as crianças e os jovens aprendem no século XXI, para se refletir de seguida sobre a formação dos professores, que tem sido continuamente identificada como prioritária, por diversos organismos nacionais e internacionais, reconhecendo-se que necessita de adequação face às novas realidades

domingo, 10 de junho de 2018

Envelhecimento ativo.


Em outras épocas e civilizações, ter "mais idade" significava ser o mais experiente e, por isso mesmo, o mais respeitado em seu meio. Em diversas sociedades (principalmente as orientais), os mais velhos eram os que detinham as funções de maior distinção e conduziam a sua comunidade: eram os sábios, os feiticeiros, os curandeiros, os conselheiros e os educadores

O Dia Internacional do Idoso é comemorado anualmente a 1 de outubro.Este dia foi instituído em 1991 pela (ONU) Organização das Nações Unidas e tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa

A mensagem do dia do idoso é passar mais carinho aos idosos, muitas vezes esquecidos pela sociedade e pela família.

Há diversos fatores que interferem no processo do envelhecimento e podem ser evitados ou suavizados por atitudes e estilos de vida que podemos adotar desde muito jovens.

No processo de envelhecimento biológico a prevenção e o controlo alimentar são essenciais para melhorar o bem estar do idoso, que face às alterações do funcionamento do organismo, as necessidades energéticas diminuem, principalmente se não houver atividade física. 


Nesta fase da vida é muito importante ter uma boa educação alimentar assente em alimentos ricos do ponto de vista nutricional. Deve evitar o consumo de álcool e de tabaco, proteger-se da intempérie (de excessos de calor, frio, humidade) e ter hábitos de sono regulares.


É importante ter uma vida social ativa, sendo que nesta fase da vida o convívio social é ainda mais importante, pois evita que os idosos se sintam sozinhos e deprimidos, assim como promove o exercício mental (através de jogos e outras partilhas), evitando desta forma a perda de neurónios e consequente memória. 

A socialização é um dos fatores que estimula os idosos a aderirem à atividade física, mantém-nos mais ativos, melhora a sua auto estima, contribuindo para o seu bem-estar e para uma melhor qualidade de vida. Quando alguém sorri, o organismo liberta endorfina, um harmónio responsável pela sensação de felicidade, prazer e bem-estar. Esta substância também é capaz de: ativar o sistema imunológico, melhorar a memória combater o stress e aliviar dores. 




E a vantagem é que nunca é tarde para começarmos. 
  • Adquirir hábitos saudáveis como a prática de exercício físico regular ajuda a melhorar a resistência, a capacidade funcional e cardiovascular e diminuir a perda de massa; sem falar no benefício à higiene mental que ela proporciona. 
  • Optar por uma alimentação saudável. 
  • Evitar hábitos de risco como tabagismo, álcool
  • Proteger-se do excesso do sol, calor, frio, humidade. 
  • Ter hábitos de sono regulares
  • Divertir-se sem excessos, 
  • Procurar adquirir cultura, relacionar-se com vários amigos
Tudo isto, já se tem demonstrado, é um excelente passaporte para um envelhecimento saudável. Sem esquecer-se de que a mente também deve ser sempre "exercitada" pois assim evita-se a perda de neurônios e consequentemente de memória. 





São fatores protetores da solidão e do isolamento social dos idosos, a existência da harmonia familiar assim como o desenvolvimento de uma boa autoestima, autonomia, amizades, convívio e partilha. Do mesmo modo a disponibilidade para aceitar apoio de sistemas externos ao seu meio que visam reforçar a capacidade do indivíduo em lidar melhor com as circunstâncias da vida. Temos o exemplo de centros de Dia, universidades seniores, assim como resposta social de apoio a atividades sociais, recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa das pessoas idosas, residentes numa determinada comunidade.



A qualidade de vida das pessoas passa por adquirir hábitos saudáveis no seu dia-a-dia,  como a prática do exercício físico regular que ajuda a melhorar a resistência, a capacidade funcional e cardiovascular assim como diminui a perda de massa.
Grande parte das doenças crónicas como as doenças cardiovasculares, a hipertensão, a doença coronária, o acidente vascular cerebral, o enfarte, entre outras, como a diabetes e o aumento do colesterol, são passíveis, em grande parte, de prevenção, através de hábitos de vida e condições de vida saudáveis e promotoras das capacidades, ao longo de toda a vida individual, social e na comunidade.



Segundo os especialistas, 

  • a leitura é a atividade mais estimulante, pois evoca os mais variados tipos de memória ao mesmo tempo (a verbal e a visual). 
  • Outras atividades como jogos, palavras cruzadas, aprendizagem contínua (idiomas, música, artesanato, etc.) 
  • ou uma simples mudança de rotina (viajar, conhecer pessoas novas ou só mudar o trajeto ao andar pela rua) tira a mente do automático. 


Muitas ações preventivas estão ao alcance de grande parte da população e podem melhorar em muito a qualidade de vida dos idosos.




Na iminência de um mundo habitado por uma população mais envelhecida, há muito o que se fazer ainda no que diz respeito a direitos e políticas públicas.



Devemos repensar nossas crenças e atitudes em relação à velhice, nos preparando para a sua chegada. Além de lembrar que os idosos devem ser vistos como cidadãos ativos que ainda têm muito a contribuir com a sociedade através do seu conhecimento, transmitindo-o para outras gerações.  




"Cada fase em nossa vida é única, e como tal deve ser vivida... O dom da vida que nos foi dado, deve sempre ser valorizado no momento atual, pois não sabemos até quando vai nossa missão nesse pequeno espaço que ocupamos..."



O amor e a saúde mental.


Esta afirmação: “Saúde mental é sentir amor e calor humano pelas pessoas e gostar de estar perto delas”, (citada pelo Dr. Dennis O’Donovan durante uma entrevista sobre Neuróticos Anônimos num programa de televisão), é aquilo que vimos repetindo há muito tempo no JOURNAL. Temos sempre sustentado a tese de que amar os outros, pensar nos outros e servi-los é o que constituí a saúde mental (ver “A Resposta para a Doença Emocional: AMOR” no JOURNAL de novembro de 1965).

O que havia da errado connosco, quando estávamos doentes – e o que há de errado com todas as pessoas doentes – era a nossa incapacidade de amar, incapacidade de amar os outros, a nós mesmos, a Deus, a natureza, a vida, o mundo. Era essa a causa fundamental da nossa doença, apenas isso e nada mais. Podemos ter pensado, e de fato pensamos, que foram determinados problemas os causadores da nossa doença. Mas o egoísmo e a incapacidade de amar é que haviam causado os problemas que considerávamos como sendo responsáveis pelo nosso infortúnio.

Mas a prova infalível da questão está no fato de que aprendendo a amar nós nos curamos. Aprender a amar, e nada mais, é a nossa cura. Quando aprendemos a amar, desaparece a doença emocional e mental e passamos a ver os nossos problemas como eles realmente são.

É a incapacidade de amar que nos isola, que nos torna solitários e infelizes, incapazes de nos darmos bem com quem quer que seja, inclusive com nossas famílias, e que causa todas as outras dificuldades. Aqueles que não sabem amar não podem encontrar paz em parte alguma. Aqueles que amam encontram paz onde quer que estejam.

“É o amor que faz o mundo girar”, “O amor tudo conquista” são expressões que ouvimos com freqüência e o que elas realmente querem dizer é que amar os outros é sinônimo de saúde mental. 

Sentimo-nos felizes por essa verdade ter sido enunciada por uma autoridade no campo da doença mental, ao declarar que “Saúde mental é sentir amor e calor humano pelas pessoas e gostar de estar perto delas, “concordamos entusiástica e plenamente”. Vamos abreviar o que foi dito, resumindo tudo numa breve afirmação: AMAR OS OUTROS É SAÚDE MENTAL.

https://www.psicologiasdobrasil.com.br/saude-mental-e-sentir-amor-pelos-outros/

Cronica do tempo recitado por Rolando Boldrin




«O mundo é um relógio, e o dinheiro é a mola que controla os relógios dessa vida. 
Se o senhor tiver tempo pra ouvir minha historia eu começo lhe contando que toda minha vida foi um grande desencontro entre o tempo e as oportunidades.
Deus nosso senhor que perdoe-me a sinceridade mas até hoje não entendi porque é que pra tudo na minha vida eu sempre cheguei muito tarde ou muito cedo; 



Pra começar nasci fora de tempo, sou de sete meses, e se foi cedo de mais pra dar dores e tristezas a minha mãe com essa minha pressa de nascer, foi tarde de mais pra dar alegria ao meu pai coitado, ele morreu antes de me conhecer, ai começa o meu rosário com o tempo.
Já na idade de ir pra escola foi um tormento, minha mãe coitada corria pra lá e pra cá comigo de mão dada e sempre recebendo o mesmo desengano coitada, "Não pode dona, só pro ano que vem é cedo ainda" ou então "Tarde mais dona as matriculas já estão todas fechadas". 
Com o tempo eu fui crescendo, já mocinho eu procurava emprego, porta de oficina, serviço diferente, coisa de pequena paga e aquelas palavras do tempo me seguindo, sempre acontecendo comigo como um relógio do destino, "Olha moço não tem vagas, se você tivesse sido esperto... Agora o quado de funcionários já está completo". 




Eu me lembro que até pra o amor eu me atrasei, quando pra aquela garota que eu gostava me declarei ela falou pra mim, "Você chegou tarde de mais, já dei meu coração pra outro rapaz". 
Mesmo assim um dia me casei e desse casamento nasceu um menino muito bonito, foi a unica coisa que me chegou na hora certa, porque ele foi a porta aberta para o meu riso, riso que eu já nem sabia mais como era o jeito; dei a ele o nome de Vitorio, ia ser meu grande vingador, pra me vingar do tempo, das horas, dos relógios e até dos segundos; pra me vingar dos donos desse relógio que é o mundo, o meu grande vingador...
Vitorio foi crescendo como pode, logo já tinha cinco anos, e a vida, o tempo como um inimigo traidor sempre me espiando, um dia meu filho adoeceu como toda criança e eu trabalhava num faz de tudo, pra nada lhe faltar, num dia só fui camelô, entregador de encomenda, jardineiro, Tudo! 
E chegava em casa cansado e cheirando mal de suor, pra lhe abraçar e lhe beijar, e o coitadinho doentinho dava dó, estava sofrendo. 



Então trouxe o Medico para vê-lo, que logo me disse como homem bom que era, "Corre vá logo comprar esse remédio, quem sabe com isso ele não melhora". 
Como eu não tinha dinheiro para o remédio, peguei um despertador lá de casa a unica coisa de valor, pensando que podia vender ele num brechó, e sai correndo muito; até hoje não entendi porque ouvi uns gritos na rua "Pega ladrão" e gente se aproximando de mim, quem sabe pensando que eu fora de fato algum ladrão, e foi soco, abordoada e quando eu pude perceber já estava de pé na frente de um delegado. 
Doutor, meu filho ta doente, ta morrendo, por favor eu tenho aqui a receita olha, e supliquei já chorando e o delegado já acreditando disse ao guarda, "pega o carro" leva o moço e me dando do seu dinheiro disse, "Corre compra o remédio do seu filho". E eu fui correndo e comprei o remédio e voltei como um raio, mas como sempre na vida eu corri contra o tempo, esse covarde...
Quando abracei meu filho foi que eu vi, mais uma vez eu tinha chegado tarde...»


As crianças a natureza e o tempo.


O tempo perguntou ao tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo, que o tempo tem o tempo que o tempo tem!


trava-línguas mais famoso de nossas infâncias, vai além de um jogo de sons e palavras e nos provoca uma reflexão: quanto tempo?
Quando falamos de natureza vem à ideia um espaço/ lugar onde há diversidade de plantas, animais e se respira ar puro ao contrario dos espaços fechados. Mas a questão do tempo – tanto o tempo físico como o tempo percebido -, é também parte fundamental na natureza.
Estar com a natureza significa que, além de estar em um lugar mais verde, podemos descontrair e relaxar, e ao mesmo tempo se "desliga"  tempo do relógio/ vida do dia a dia. 
As crianças podem ter tempo aquele tempo que não pode ser medido, que só pode ser vivido.


Quanto e qual tempo você e seu filho(a) têm para brincar na natureza?
As crianças podem tocar e cheirar as plantas e as questões vão surgindo: quanto tempo demora uma planta a crescer? quanto tempo demora uma folha a abrir? ou um botão de uma flor que se forma no pequeno caule? Desde nascimento da plantinha, o seu crescimento até o seu desbrochar . Quanto tempo isso demora?
A vida na natureza tem o tempo para  desenvolver, mas que de repente, quando nos damos conta, nos surpreende com tanta transformação…

É importante e saudável levar as crianças a um parque, um jardim ou outra área natural e esqueça do tempo do relógio! 
Procure um lugar confortável para se sentar, no meio das plantas. Feche os olhos. Respire por alguns minutos, prestando atenção em sua respiração e observando a diminuição do seu ritmo, você se relaxar. Então, abra os olhos e mantenha-se parado em uma mesma posição, como se você fosse uma estátua. Nesse momento, comece a observar quanto tempo a natureza leva para voltar ao ritmo anterior ao da sua chegada. Depois de um momento nessa interação, em que o seu ritmo e o da planta se integram, você pode finalizar o exercício, levantando-se ou movendo-se em outra direção.

 O que observou com essa experiência? Deu tempo de fazê-la dentro do que período marcado no relógio? Como ficou sua percepção do tempo? O que é o tempo da natureza pra você, agora? Em que medida você e ela vivem o mesmo “tempo”? 
E, por fim, a questão mais importante: Quem é você senão a natureza acelerada pelos seus próprios processos mentais?



As crianças nascem com esse tempo único, um tempo natural. A rotina do dia a dia do relógio dos adultos retira o tempo ao tempo que se torna em algo mecânico, que pode ser medido de forma independente do que é sentido, e fica bem pequeno, apertado. E isso pode gerar sofrimento, já que a criança teve que abandonar seu estado natural com o qual nasceu. 
Quando existe "hora para tudo", não temos tempo para nada! E as expressões da vida acabam passando despercebidas.

Estabelecer uma relação frequente com a natureza nos ajuda a aprender a respirar tranquilos em meio às atividades cotidianas e a retomar o contato com o tempo natural. Esse tempo é nosso, pois nós também somos natureza. E isso pode acontecer de diferentes maneiras e intensidades. Ter uma plantinha em casa, à qual se dedica a cuidar diariamente, estabelece uma perceção/ligação com as mudanças, crescimento e transformações. Com ela, aprende-se a perceber o ciclo das folhas – quando secam e caem, as novas que nascem. Compreende o aparecimento das flores, consegue inclusive sentir/perceber quando ela precisa de mais água, de nutrientes, de luz, de companhia.

Estar mais frequentemente em espaços naturais,  – seja num parque, uma jardim ou o seu próprio quintal – permite que se crie vínculo com esse espaço/tempo. Há um conhecimento mais próximo das árvores, dos pássaros, das plantas e há a oportunidade de observá-los com mais atenção. Estes laços nos permitem perceber e sentir o espaço de maneira mais sensível, transformando-o em um lugar especial.
Os ciclos da natureza se tornam perceptíveis. Aprende-se a entender melhor quando as folhas de uma árvore caem, quando um determinado tipo de semente aparece pelo chão, quando surgem aquelas pequenas flores pelos canteiros. Aprende-se a compreender o tempo das lagartas e o das borboletas.

Esta relação de tempo, espaço e lugar dá à rotina dos adultos um ritmo e uma qualidade diferentes. Imagine, então, o que acontece quando a criança pode viver isso.. Que riqueza será para ela não ser obrigada a sair da percepção de tempo que lhe é natural! E viver cercada por adultos que compreendem e vivem profundamente o que é o tempo natural de ser e se desenvolver.
Um tempo natural da infância, natural da vida e da natureza. Com tempo para tudo.
Essa liberdade permite não só que a criança conheça os ciclos naturais no ambiente, mas em si mesma. Cria uma experiência na qual ela se percebe em cada movimento que faz – e que se transformam a cada dia -, para correr na relva, para tentar chegar a um ramo conforme seu corpo cresce…

O tempo, assim, se torna o poeta que faz poesia por meio da vida que desabrocha em todos nós!