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domingo, 2 de setembro de 2018

A bondade, a misericórdia e o amor ao próximo




O conceito de beneficência refere-se a uma ação realizada em benefício de outros. A bondade, a misericórdia e o amor ao próximo caracterizam a ação beneficente. O exemplo mais famoso de beneficência diz respeito à parábola do Bom Samaritano. Conta a parábola que um homem viajava de Jerusalém para Jericó quando caiu nas mãos de uns ladrões, que o espancaram e o deixaram quase morto. Depois de passarem um sacerdote e um levita, que se recusaram a prestar auxilio, surge um samaritano que, vendo-o num estado deplorável, encheu-se de íntima compaixão e levou-o a uma hospedaria, onde continuou a cuidar dele. Esta parábola do Novo Testamento ilustra a compaixão que deve ser aplicada a todas as pessoas; mais do que isso, sugere que a beneficência é um ideal moral e não uma obrigação. 

A beneficência segue determinados preceitos: 
  • proteger e defender os direitos dos outros, 
  • ajudar pessoas incapacitadas e 
  • resgatar aqueles que se encontram em perigo. 



A filantropia, conceito grego, que significa “amor à humanidade” e que existe por mérito do imperador romano Flávio Cláudio Juliano, transporta a vontade de construir uma sociedade justa, equitativa e dotada de liberdade. Segundo o entender do Conselheiro José Silvestre Ribeiro, a filantropia fundamenta-se numa ética de virtudes. A análise que recai sobre a ação de auxílio deve ser organizada e fundamentada racionalmente, conforme os fatores envolvidos.
A construção de uma sociedade onde a justiça prevalece, onde os direitos humanos são respeitados, e todos, sem exceção, beneficiam de oportunidades iguais torna urgente a integração da ética na vida comum. Deve tratar-se de uma sociedade que reúne esforços para não se distanciar do “humanitarismo, por consequência, alicerçado na Liberdade, na Justiça e na Bondade.” Deve lutar-se por uma sociedade onde a justiça social prevalece, onde os direitos humanos são respeitados e todos beneficiam de iguais oportunidades; onde fazer o bem na medida das nossas possibilidades deve ser encarado como um dever.
 
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/44640/1/Juliana%20Sofia%20Fernandes%20Teixeira.pdf

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Conhecimento e bondade (Platão)


                Conhecimento e bondade (Platão)

No grego antigo, várias palavras traduziam distintos aspectos da felicidade. A principal delas era eudaimonia, derivada dos termos eu ("bem-disposto") e daimon ("poder divino"). Trata-se da felicidade entendida como um bem ou poderconcebido pelos deuses. Subentendia-se que, para mantê-la, a pessoa deveria conduzir sua vida de tal maneira a não se indispor com as divindades, para o que era preciso sabedoria. Mesmo assim, ainda corria o risco de perder esse bem ou poder se os deuses assim o desejassem, por qualquer motivo arbitrário.

Isso significa que a felicidade era tida como uma espécie de fortuna ou acaso - enfim, um bem instalável que dependia tanto da conduta pessoal, como da boa vontade divina (cf. Lauriola, De eudaimonia à felicidade..., Revista Espaço Acadêmico, n. 59).

Platão (427-347 a.C.) - era considerado por boa parte dos estudiosos o primeiro grande filósofo ocidental, juntamente com seu mestre, Sócrates - foi um dos principais pensadores gregos a se lançar contra essa instabilidade, em busca de uma felicidade estável, postura que caracterizará de forma marcante a ética eudemonista¹ grega.
No entendimento de Platão, o mundo material - aquele que percebemos pelos cinco sentidos - é enganoso. Nele tudo é instável e por meio dele não pode haver felicidade. Por isso, para esse filósofo, o caminho da felicidade é o do abandono das ilusões dos sentidos em direção ao mundo das ideias, até alcançar o conhecimento supremo da realidade, correspondente à ideia do bem. Vejamos como ele chegou a essa conclusão.

A vida feliz de uma pessoa dependeria da devida subordinação e harmonia entre essas três almas. A alma racional regularia a irascível, e esta controlaria a concupsente, sempre com a supervisão da parte racional. Há, portanto, uma primazia da parte racional sobre as demais.

Para apoiar essa tarefa, Platão propunha duas práticas:
  • Ginástica - atividade física por meio da qual a pessoa dominaria as inclinações negativas do corpo; e
  • Dialética - método de dialogar (praticado por Sócrates) pelo qual se ascenderia progressivamente do mundo sensível (que ele considerava verdadeiro), onde se encontram as ideias perfeitas (que correspondem ao máximo grau de conhecimento e à realidade verdadeira).
Por meio dessas práticas - especialmente da dialética - a alma humana penetraria o mundo inteligível², conhecido com mundo das ideias, e se elevaria sucessivamente mediante a contemplação das ideias perfeitas, até atingir a ideia suprema, que é a ideia do bem.

Essa supremacia deve-se a que, para Platão, o bem é a causa de todas as coisas justas e belas que existem, incluindo as outras ideias perfeitas, como justiça, beleza coragem. Sem o bem não há nenhuma delas, inclusive a ideia perfeita de felicidade.

                                            

Em resumo, podemos dizer que, para Platão, a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo até se atingir a ideia do bem, o que poderia ser sintetizado na seguinte fórmula: conhecimento = bondade = felicidade. As três coisas, quando ocorrem em máxima expressão, andariam sempre juntas, mas o caminho partiria do conhecimento.

Além disso, para Platão, a ascensão dialética equivaleria não apenas a uma elevação cognoscitiva (isto é, de conhecimento), mas também a uma evolução do ser da pessoa (elevação ontológica, no jargão filosófico).
Simplificando bastante, podemos dizer que aquele que alcança o conhecimento verdadeiro (que culmina a ideia do bem) torna-se um ser "melhor" em sua essência e, por isso, vive mais feliz.

________

GLOSSÁRIO:
¹eudemonista: relativo à felicidade, ou que tem a felicidade como valor fundamental ou principal objetivo
²inteligível:  que só pode ser apreendido pelo intelecto, por oposição ao sensível, isto é, ao que só pode ser apreendido pelos sentidos.


quarta-feira, 14 de março de 2018

Pessoas boas



A realidade do mundo no qual vivemos é que a bondade é a porta de entrada para incontáveis decepções. No mundo atual a esperteza e a falta de escrúpulos são a ferramenta mais usada para atingir o sucesso, usando-a contra aqueles que mais confiam neles, contra aqueles que ingenuamente julgam o coração de todo o mundo de acordo com o próprio.

E, por pessoa boa, refiro-me a uma pessoa com olhos limpos e generosos, com mãos que se estendem, com ouvidos atentos e coração leve. Trata-se daquele tipo de pessoa que não se nega a ajudar, que compartilha conhecimento, quer divide as riquezas da alma, sem medo do apego emocional. Desapegam-se de si mesmas, porque somente se sentem humanas quando são parte de um todo.




São aqueles amigos que nunca demonstram desinteresse por nós, os colegas de trabalho que ajudam e não guardam apenas para si algum tipo de conhecimento, os familiares que se lembram de nós mesmos do outro lado do mundo. Pessoas boas, gratas, sensíveis, com empatia suficiente para saírem dos seus mundos e abraçarem o mundo de qualquer pessoa que precise de algo.



Infelizmente, quem possui uma essência assim tão bondosa, inevitavelmente será vítima do mau uso e do abuso das suas qualidades por parte daqueles que só pensam em se aproveitar, em maldizer, em puxar tapetes. Isso faz com que as pessoas boas tenham que passar por muitas situações difíceis em que terão que confrontar o bem que possuem com o mal que rodeia a sua vida. Triste mas inevitável, a doçura da amabilidade encontra muitas vezes a contrariedade ferrenha do ódio amargo dos infelizes.


Pessoas bondosas costumam acreditar no melhor de cada um, pintando a vida com as cores leves da humildade e do acolhimento, desejando a felicidade alheia, pois querem que todos sejam tão felizes quanto elas próprias se sentem. E, ao longo do percurso, irão se deparar com o pior do ser humano: com a mentira, com a mesquinhez, com o mau humor e a maldade daqueles que jamais serão capazes de sorrir com gratidão. Mas mesmo assim, as pessoas boas continuarão a sorrir, a caminhar tranquilamente, a acordar com o propósito de ser e de fazer gente feliz, porque é assim que a sua alma se torna cada vez mais rica e agraciada com as bênçãos que só quem é alegre de verdade está pronto para receber todos os dias.

Texto de Marcel Carmago