«Clive é professor de liderança e comportamento organizacional na Middlesex University, na Inglaterra. Nos últimos sete anos, ele estudou as evidências e os efeitos da liderança tóxica e, em particular, a influência da presença de psicopatas corporativos em vários resultados no local de trabalho, inclusive nos níveis de conflito e intimidação no trabalho.»
A fase Ingresso, na empresa, corresponde ao processo seletivo, onde o psicopata surge
como uma figura cativante, charmosa buscando seduzir o entrevistador para conseguir a vaga;
- na fase “estudo de território” o psicopata já dentro da empresa busca construir relações com os colegas influentes dentro da empresa;
- na fase “manipulação de pessoas e fatos”, de forma camuflada e disfarçado de amigo o psicopata semeia a discórdia entre colegas, espalha falsas notícias, usa os colegas como ferramentas da sua estratégia de ascensão;
- na fase da confrontação o psicopata abandona as pessoas que considera não ter mais utilidade em sua estratégia e passa a humilhá-las, essa é a arma para que esses colegas fragilizados se mantenham em silêncio sobre o que sabem a respeito dele;
- na fase de ascensão, o psicopata alcança seus objetivos e obtém a posição desejada dentro da empresa, geralmente através de demissões e rebaixamento de cargo de seu antigo chefe.
A AÇÃO DO PSICOPATA NA EMPRESA
O ambiente empresarial extremamente competitivo faz com que as algumas
organizações busquem por um perfil de profissional que o psicopata sabe desempenhar com
ninguém. Babiak e Hare (2006, p.256) afirmam que: “O clima empresarial de hoje,
acelerado, competitivo e muitas vezes caótico, promove o estímulo que os psicopatas buscam
e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo e abusivo”.
Alguns contextos organizacionais são mais propícios à atuação do psicopata
corporativo e ao assédio moral do que outros. Em alguns locais, o assédio encontra
espaço para se desenvolver sem que haja uma restrição, pelo contrário, o terreno se
mostra fértil e permissivo (Possas et al 2014, p.4)
De acordo com Silva (2014), na ânsia de crescimento em curto espaço de tempo,
algumas empresas perdem seus alicerces morais, e tendem a valorizar pessoas com
características inescrupulosas, para a autora, existem empresas e instituições psicopáticas.
Em um primeiro momento manter indivíduos com personalidade psicopática no
quadro de funcionários e geralmente ocupando cargos de liderança pode até ser produtivo e
vantajoso para a empresa, porém de acordo com Adrews (2015, p.1) em longo prazo eles
podem custar caro para a organização: “eles derrubam o moral da equipe, causam excesso de
rotatividade e reduzem a produtividade”. Desprovidos de consciência ética, de escrúpulos e
egocêntricos eles trabalham para eles mesmos e jamais para a empresa.
Estima-se que 1% da população adulta que trabalha é formada pelos chamados psicopatas corporativos, profissionais que não medem esforços para crescer e são capazes de ferir psicologicamente (quando não fisicamente) colegas de trabalho para conseguir o que almejam. Um estudo feito pelos pesquisadores americanos Paul Babiak e Robert Hare, dois experts no tema, afirma que cerca de 10% da população apresenta traços de psicopatia suficientes para ter impacto negativo em seus companheiros. Como o psicopata social, que se deleita com o sofrimento de suas vítimas, o corporativo não é louco, mas é essencialmente mau. “Ele está ciente dos efeitos que seu comportamento tem nas pessoas ao seu redor, mas simplesmente não se importa”, diz o psicólogo australiano John Clarke, autor do livro “Trabalhando com Monstros – Como Identificar Psicopatas no Trabalho e se Proteger Deles” (Editora Fundamento).
Psicopatia tem cura?
Não. Psicopatia é um transtorno de personalidade e não uma doença como muitos pensam, logo não existe cura para um transtorno, o que se pode fazer é tentar corrigir comportamentos suspeitos com acompanhamento de um terapeuta e psiquiatra, se forem notados logo na infância.
Contudo um adulto psicopata dificilmente mudará seu comportamento. Na essência ele não tem empatia por outros indivíduos, nem o sentimento de culpa, por isso costumam quebrar regras, mentir descaradamente e prejudicar os colegas sem o menor remorso. Para um psicopata ações imorais fazem parte da rotina naturalmente e por isso não hesitam em manipular e usar todo o seu charme e carisma para alcançar seus objetivos.
Méritos da autora Ana Beatriz Barbosa Silva, que, baseada em sua ampla experiência clínica em comportamento humano e psiquiatria, despiu sua escrita do jargão acadêmico em favor de uma linguagem envolvente e acessível a um público amplo. Ana Beatriz é referência em sua área de estudo, tornando-se presença constante na mídia, em especial na TV.
«Frios, calculistas e insensíveis à dor alheia, os psicopatas são, segundo a especialista, muito mais numerosos do que se supõe. São homens e mulheres de todas as idades, classes sociais, raças e religiões e podem passar a vida toda sem ser desmascarados. Têm em comum uma mesma rotina – seduzir, mentir, magoar, dissimular, trair, abusar, roubar, agredir – e, diferentemente de grande parte das pessoas, não sentem culpa, remorso, compaixão, arrependimento nem nenhum outro sentimento de responsabilidade para com as pessoas que ferem ou prejudicam. »
Falhas nos atuais modelos de organização familiar, educacional e social são dados importantes que podem se relacionar à psicopatia e merecem estudo aprofundado. No entanto, a autora acredita que não bastam, por si, para explicar o fenômeno da mente psicopata, esvaziada dos sentimentos nobres que nos distinguem como seres humanos. "Admitir que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o 'mal' habita entre nós, lado a lado, cara a cara", comenta a psiquiatra.
https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos16/31124433.pdf