domingo, 10 de junho de 2018

As crianças a natureza e o tempo.


O tempo perguntou ao tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo, que o tempo tem o tempo que o tempo tem!


trava-línguas mais famoso de nossas infâncias, vai além de um jogo de sons e palavras e nos provoca uma reflexão: quanto tempo?
Quando falamos de natureza vem à ideia um espaço/ lugar onde há diversidade de plantas, animais e se respira ar puro ao contrario dos espaços fechados. Mas a questão do tempo – tanto o tempo físico como o tempo percebido -, é também parte fundamental na natureza.
Estar com a natureza significa que, além de estar em um lugar mais verde, podemos descontrair e relaxar, e ao mesmo tempo se "desliga"  tempo do relógio/ vida do dia a dia. 
As crianças podem ter tempo aquele tempo que não pode ser medido, que só pode ser vivido.


Quanto e qual tempo você e seu filho(a) têm para brincar na natureza?
As crianças podem tocar e cheirar as plantas e as questões vão surgindo: quanto tempo demora uma planta a crescer? quanto tempo demora uma folha a abrir? ou um botão de uma flor que se forma no pequeno caule? Desde nascimento da plantinha, o seu crescimento até o seu desbrochar . Quanto tempo isso demora?
A vida na natureza tem o tempo para  desenvolver, mas que de repente, quando nos damos conta, nos surpreende com tanta transformação…

É importante e saudável levar as crianças a um parque, um jardim ou outra área natural e esqueça do tempo do relógio! 
Procure um lugar confortável para se sentar, no meio das plantas. Feche os olhos. Respire por alguns minutos, prestando atenção em sua respiração e observando a diminuição do seu ritmo, você se relaxar. Então, abra os olhos e mantenha-se parado em uma mesma posição, como se você fosse uma estátua. Nesse momento, comece a observar quanto tempo a natureza leva para voltar ao ritmo anterior ao da sua chegada. Depois de um momento nessa interação, em que o seu ritmo e o da planta se integram, você pode finalizar o exercício, levantando-se ou movendo-se em outra direção.

 O que observou com essa experiência? Deu tempo de fazê-la dentro do que período marcado no relógio? Como ficou sua percepção do tempo? O que é o tempo da natureza pra você, agora? Em que medida você e ela vivem o mesmo “tempo”? 
E, por fim, a questão mais importante: Quem é você senão a natureza acelerada pelos seus próprios processos mentais?



As crianças nascem com esse tempo único, um tempo natural. A rotina do dia a dia do relógio dos adultos retira o tempo ao tempo que se torna em algo mecânico, que pode ser medido de forma independente do que é sentido, e fica bem pequeno, apertado. E isso pode gerar sofrimento, já que a criança teve que abandonar seu estado natural com o qual nasceu. 
Quando existe "hora para tudo", não temos tempo para nada! E as expressões da vida acabam passando despercebidas.

Estabelecer uma relação frequente com a natureza nos ajuda a aprender a respirar tranquilos em meio às atividades cotidianas e a retomar o contato com o tempo natural. Esse tempo é nosso, pois nós também somos natureza. E isso pode acontecer de diferentes maneiras e intensidades. Ter uma plantinha em casa, à qual se dedica a cuidar diariamente, estabelece uma perceção/ligação com as mudanças, crescimento e transformações. Com ela, aprende-se a perceber o ciclo das folhas – quando secam e caem, as novas que nascem. Compreende o aparecimento das flores, consegue inclusive sentir/perceber quando ela precisa de mais água, de nutrientes, de luz, de companhia.

Estar mais frequentemente em espaços naturais,  – seja num parque, uma jardim ou o seu próprio quintal – permite que se crie vínculo com esse espaço/tempo. Há um conhecimento mais próximo das árvores, dos pássaros, das plantas e há a oportunidade de observá-los com mais atenção. Estes laços nos permitem perceber e sentir o espaço de maneira mais sensível, transformando-o em um lugar especial.
Os ciclos da natureza se tornam perceptíveis. Aprende-se a entender melhor quando as folhas de uma árvore caem, quando um determinado tipo de semente aparece pelo chão, quando surgem aquelas pequenas flores pelos canteiros. Aprende-se a compreender o tempo das lagartas e o das borboletas.

Esta relação de tempo, espaço e lugar dá à rotina dos adultos um ritmo e uma qualidade diferentes. Imagine, então, o que acontece quando a criança pode viver isso.. Que riqueza será para ela não ser obrigada a sair da percepção de tempo que lhe é natural! E viver cercada por adultos que compreendem e vivem profundamente o que é o tempo natural de ser e se desenvolver.
Um tempo natural da infância, natural da vida e da natureza. Com tempo para tudo.
Essa liberdade permite não só que a criança conheça os ciclos naturais no ambiente, mas em si mesma. Cria uma experiência na qual ela se percebe em cada movimento que faz – e que se transformam a cada dia -, para correr na relva, para tentar chegar a um ramo conforme seu corpo cresce…

O tempo, assim, se torna o poeta que faz poesia por meio da vida que desabrocha em todos nós!

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