quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Comportamento em grupo


A violência possui diversas causas. É comum se pensar que atos violentos são realizados por pessoas violentas - pessoas com uma essência "má" que as diferem do resto da população. Mas uma das causas da violência, a influência social, provavelmente está por detrás de muitos episódios de violência. 


https://www.youtube.com/watch?v=_qYby0fcI3c


Ter esse conhecimento, é claro, nos ajuda a entender o comportamento das pessoas e a ser mais precavidos, mas não a justificar tais comportamentos. Nesse vídeo, veremos que, nem sempre, quem faz coisas más são pessoas com um histórico e propensão a agir agressivamente.

https://www.youtube.com/watch?v=dPVPnQTr-ow

Para Zimbardo (2012), alguns processos psicológicos influenciam nessa transformação dos indivíduos dentro do aspecto situacional. Por primeiro a desumanização, que seria central em seu estudo, é um estado onde o indivíduo não vê mais o sujeito como um igual humano. Algumas pessoas acabam percebendo que o indivíduo a sua frente nada mais é que um ser inferior, merecedor de castigo, dor e aniquilação. Esse fato é exemplificado no livro O Efeito Lúcifer com o depoimento do autor acerca de uma investigação de uso de tortura na prisão americana de Abu Ghraib5 . Com o trabalho do autor podemos perceber que todos são passíveis de mudanças de caráter se colocados num ambiente propício a isso. Na tentativa de se adaptar ao local ou pelo instinto de sobrevivência alguns tendem a concordar com as ações do grupo no qual estão inseridos. Estas ações e suas variáveis, por mais sutis que sejam, podem levar uma boa pessoa a cometer atrocidades. Porém, a maioria dos sujeitos pensa que atitudes assim nunca lhes ocorreria, a isso Zimbardo (2012) explica: “A maioria de nós se esconde por trás de inclinações egocêntricas que provocam ilusões de que somos especiais. Esse escudo autoprotetor nos permite pensar que todos nós estaríamos acima da média em um teste de integridade.” (ZIMBARDO, 2012, p.24).


É possível afirmar que alguns homens, devido a forma que vivem em sociedade, nunca encontrarão situações onde essa integridade será realmente testada. Mas, se percebermos os ideais transmitidos através dos meios midiáticos atuais os ajustes comportamentais condiciondos ao grupo que Zimbardo fala, não parecem distantes. 



Exemplo disso é a propaganda americana da guerra ao terror que justifica a invasão, morte e atrocidades a milhares de outras pessoas. O preconceito de classe, gênero, cor e sexualidade presentes na sociedade atual, também são exemplos que nos mostram que nossa falsa integridade sempre está à mercê de influências, e eventualmente com a pressão certa, mesmo seu vizinho poderá se tornar seu inimigo mortal, batendo à sua porta durante a noite para cometer contra sua família, as mesmas atrocidades que comodamente você ignora quando ocorrem em locais distantes de sua vida, perdidas em algum um país distante6. Tudo depende da pressão do grupo e das circunstâncias.


A trajetória dos povos encontra‐se permeada por momentos históricos de transição de aspectos de comportamento social, porém é inerente ao sujeito componentes que se contrapõe, como o amor e o ódio, o bem e o mal, a bondade e a crueldade. Desde a ascensão do cristianismo, onde na maioria mulheres e em minoria homens, deficientes físicos e com pouca influência social, eram queimados vivos em fogueiras, ou na idade média em que eram comuns execuções em praça pública, até as execuções em massa na atualidade, a crueldade dos povos segue a perpetuar o domínio pelo medo. Das modificações sociais onde o espetáculo de crueldade ocupava espaço público às instituições totais, a crueldade parece amadurecer‐se requintada em suas formas e métodos. Seriam, desta forma, as instituições totais ferramentas políticas de instrumentalização da crueldade? Seriam os massacres em massa expressão socialmente aceitável, em que a crueldade do eu ganha forma na manifestação do grupo, e desta forma torna‐se socialmente tolerável? Ou é apenas uma questão da situação momentânea? Nem mesmo as modificações sociais que ocorreram neste espaço temporal, tornam o sujeito menos cruel, ou mune às influencias da crueldade social, que é refletida na atualidade.



Mas então, como nos proteger desses defeitos e falhas morais e prevenir o surgimento de comportamentos nocivos? A questão aqui seria como podemos educar alguém para que consiga desenvolver a resistência ao mal? A adquirir os instrumentos mentais que protejam sua moral e que a apoiem na escolha do caminho da virtude uma vez que somos educados em uma sociedade onde este comportamento não é estimulado? Não dizemos aqui que o herói, que a constante luta contra os desejos em prol da razão, seja em si a solução derradeira, todavia é a que mais se aproxima como dito por Zimbardo de superar os problemas que a vulnerabilidade humana natural tem ao encontrar‐se com o aspecto situacional.
Isso nos leva a uma segunda pergunta: Onde, ou seja, em que meios podemos desenvolver este tipo de comportamento? Obviamente em toda a sociedade, porém um bom local para começarmos seria na escola. Levando este pensamento um pouco mais longe, temos a ideia do triângulo: família, sociedade, escola. A educação que se procura na escola seria de preparação de um indivíduo para assumir o seu papel na sociedade. No entanto, a mesma escola é, como dito anteriormente,um espelho desta sociedade, o que acarreta que o mesmo comportamento que se deseja prevenir acaba presente durante o processo de aprendizagem, trazido pelo alunos e sua convivência familiar/social ou até mesmo (e não raramente) pelos professores que ali estão.


Sem dúvida, o primeiro passo para uma educação que previna o mal seria a compreensão primeira da própria vulnerabilidade humana do indivíduo. A questão então é como criar condições para este saber e perceber‐se como um ser limitado, vulnerável, que pode vitimar‐se por inúmeras situações da vida faz com que o homem tenha uma visão diferente de mundo.


O educador social desempenha um papel importante junto dos sujeitos com os quais interage, pois dele depende uma integração social positiva nos contextos em que vivem. O seu trabalho, orientado por critérios de competência profissional baseada em metodologias e técnicas orientadas para uma prática social de intervenção, corresponde, no dizer da Carvalho e Baptista (2004), a um espaço profissional desenhado no ponto de encontro, e de cruzamento, entre a área de trabalho social e da área da educação (p. 83). 


A sua relação com os outros deve pautar-se por comportamentos de respeito e de combate a todas as situações discriminatórias, trabalhando, no dizer de Diaz (2006) para uma socialização terciária (…) ou seja, o processo mediante o qual se pretende que um indivíduo se reintegre na sociedade depois de ter revelado condutas anti-sociais, associais o dissociais (p. 100), visando a inclusão plena dos diversos atores sociais.  

Para Noguero e Solís (2003) o objetivo final das ações do educador social é conseguir a participação de todos os membros do grupo com o fim de transformar a realidade. (…) supõe a criação de um processo de ensino – aprendizagem de uma série de valores, atitudes e estratégias que estejam de acordo com o espírito crítico, a participação ativa, a transformação social, etc. (p.6). Ao procurar consolidar e renovar as redes sociais já existentes, pode, também, criar novas redes de espaços de pertença e referência afetiva, atuando de forma direta, mas sem tomar partido ou dar a solução. Deve escutar, estar atento, conduzir as respostas dos verdadeiros protagonistas, criando, no dizer de Carvalho e Baptista (2004), a chamada distância óptima, que conjuga racionalidade com sensibilidade e serenidade (p. 93). Na criação de pontes entre o indivíduo, a família, as instituições e a sociedade em geral, em áreas que vão desde lares da terceira idade, às escolas, prisões, hospitais e autarquias, ele desempenha o papel de um interlocutor privilegiado, apontando caminhos para a solução de problemas vividos e sentidos nos contextos em que intervém.


O “traço” marcante do Educador Social é, sem dúvida, a capacidade para saber encontrar e ajudar a percorrer caminhos que vão no sentido do bem estar da pessoa e da sociedade. O que o distingue de outros profissionais é a formação polivalente que lhe permite apropriar-se de situações de carência, saber intervir educativamente e encaminhar para outros profissionais os casos que necessitam de intervenção especializada. O Educador Social é um mediador entre sujeitos e as respostas profilácticas ou terapêuticas aplicáveis (Borda Cardoso, s/d, p. 14).  


https://archive.org/stream/TheLuciferEffectUnderstandingHowGoodPeopleTurnEvilISBN9781400064113/The%20Lucifer%20Effect%20-%20Understanding%20How%20Good%20People%20Turn%20Evil%20%28ISBN-978-1-4000-6411-3%29_djvu.txt

http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/346-0.pdf

https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/7726/1/87-335-1-PB.pdf

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