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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

A utilidade do inútil




O livro A Utilidade do Inútil, publicado pela Kalandraka, foi traduzido para 20 línguas, está em 30 países e já vendeu mais de 200 mil exemplares. Neste, o professor italiano da Universidade de Calabria, filósofo e especialista na obra de Giordano Bruno, critica a lógica do lucro que chegou ao mundo do ensino e da investigação e propõe uma reflexão sobre quais são os verdadeiros saberes que podem ajudar a sair da crise.



A utilidade do inútil Um manifesto Nuccio Ordine Não é verdade – nem mesmo em tempos de crise – que só é útil o que produz lucro ou tem uma finalidade prática. Existem saberes considerados “inúteis” que são indispensáveis para o crescimento da humanidade. Útil, portanto, é tudo aquilo que nos ajuda a sermos melhores e melhorarmos o mundo. Sucesso de crítica e de público, traduzido para mais de 15 idiomas, A utilidade do inútil mostra como a lógica utilitarista e o culto da posse acabam por murchar o espírito das pessoas, pondo em perigo não só a cultura, a criatividade e as instituições de ensino, mas valores fundamentais como a dignidade humana, o amor e a verdade. Para respaldar e fortalecer essa discussão, o italiano Nuccio Ordine constrói um mosaico de citações de grandes filósofos e escritores, uma espécie de manifesto abaixo-assinado por Platão, Montaigne, Kant, Shakespeare, Victor Hugo, Cervantes, Dickens, Baudelaire, García Lorca, Stevenson, Calvino, García Márquez, David Foster Wallace... Completa o livro um ensaio do famoso educador americano Abraham Flexner, inédito em português, que prova como também as ciências exatas nos ensinam a utilidade do inútil. Numa época onde cortes no orçamento de cultura, privatização de pesquisas e fechamento de livrarias são questões frequentes em diversos países, a obra é um rico material para repensarmos o valor da arte, da poesia, da curiosidade e dos saberes sem aplicações práticas ou usos comerciais. NUCCIO ORDINE é professor de literatura italiana na Universidade da Calábria, e atua como membro ou professor visitante em diversas universidades e institutos de pesquisa de prestígio nos EUA e na Europa. Com livros traduzidos para mais de 15 idiomas, dirige coleções de clássicos na Itália e na França e colabora com o jornal Corriere della Sera. É doutor honoris causa da UFRGS e um dos principais estudiosos da obra de Giordano Bruno, sobre quem escreveu A cabala do asno (2006) e O umbral da sombra (2009).


https://www.youtube.com/watch?v=1WSKJIMyS6U


Esse é o grande problema da contemporaneidade: temos gente super especializada e que perdeu o sentido geral e global do saber. Hoje as escolas e as universidades preparam os alunos para seguirem uma especialização e isso é muito perigoso. Estas devem proporcionar uma cultura geral. Einstein já dizia que a especialização mata a curiosidade e esta está na base do avanço da ciência e da tecnologia. Por exemplo, a actual directora do CERN [o laboratório europeu de física de partículas] é uma italiana [Fabiola Gianotti] que fez estudos clássicos no liceu, aprendeu piano durante dez anos, mas é uma grande física. Os maiores arquitectos italianos, como Renzo Piano, fizeram estudos clássicos. Portanto é preciso ter uma cultura geral de base.


https://www.youtube.com/watch?v=bVBrccbHetc

O que é preciso mudar no ensino?
"O meu livro é um grito de alarme. Quando pergunto aos meus alunos por que estão na universidade, respondem-me que é para obter um diploma. Um diploma não serve para nada! Há uma visão utilitarista da educação que mata a ideia de escola. Vamos à escola para sermos pessoas cultas! Para sermos pessoas melhores, para sermos éticos, não importa o curso."
Na apresentação do meu livro, viajei de Norte a Sul de Itália e os estudantes diziam-me: “Professor, adoro os gregos e os latinos, mas os meus pais perguntam-me ‘o que vais fazer com literatura? Porque não te inscreves num curso onde possas vir a ganhar dinheiro?’ Isto é a corrupção da ideia do que deve ser a universidade! É corromper os estudantes. Temos médicos que o são porque ganham muito dinheiro e não por razões humanitárias e não pelo que prometem no juramento de Hipócrates. Esta corrupção – a ideia de ganhar muito dinheiro – atravessa a sociedade inteira, chega à política, à economia. Por isso temos corrupção no mundo inteiro.
Costumo ler uma história belíssima de Kavafis [poeta grego, 1863-1933] sobre Ítaca, a história de Ulisses, que diz que a experiência da viagem é que fará de ti um homem rico, fará de ti um homem melhor. Se não fizeres essa experiência, de nada te servirá chegar a Ítaca.

O que isso significa?
Significa que devemos estudar por amor ao conhecimento, por amor à aprendizagem, para que sejamos homens e mulheres livres. Os alunos têm de compreender que não há saber sem conhecimento e que só se é livre se formos sábios. E isso não têm nada a ver com o mercado e com aquilo que este pede.

No seu livro critica as universidades-empresa.
Contesto a ideia de que as universidades sejam empresas. A nossa missão não deve ser vender diplomas que os estudantes compram. Isso é uma enorme corrupção. A escola não pode ser uma empresa porque a lógica da educação não é a do mercado. O princípio da educação é aprender a ser melhor, para si mesmo e não para o mercado. O que vemos na City em Londres [no centro financeiro britânico] são pessoas com elasticidade mental, pessoas que vêm dos estudos clássicos ou da filosofia porque compreendem melhor o mundo do que os especialistas em economia ou programação.




As consequências da Declaração de Bolonha, que veio alterar a forma como o ensino superior está organizado, são negativas?

Bolonha foi muito dura para o futuro do ensino. Há coisas graves, a começar no léxico, as palavras não são neutras, têm significado, e quando as primeiras palavras que os alunos aprendem, quando chegam ao ensino superior, é “créditos” e “débitos”, impomos uma lógica da economia no ensino. As universidades recebem financiamento consoante os seus resultados, quanto mais alunos com sucesso, mais financiamento recebem, e assim baixa-se o nível para todos passarem. Ninguém vai avaliar a qualidade, só a quantidade. Deixa-se de financiar as pesquisas de base, mas se não fossem essas não seria possível fazer ciência. As grandes revoluções são fruto de pesquisas de base. Por isso, é preciso redireccionar as coisas porque o inútil de hoje pode ser o útil de amanhã.


Que modelo de escola é que defende?
Costumo contar aos meus alunos que Albert Camus, quando ganhou o Nobel da Literatura, fez duas coisas: escreveu uma carta à sua mãe e uma ao seu professor da escola média [3.º ciclo do básico], Louis Germain. Foi ele que o incentivou a continuar a estudar, porque Camus era bom aluno, embora pobre. Camus agradeceu ao seu professor tudo o que fez por ele. É essa a escola que quero! Uma escola em que o professor e o aluno estejam no centro e os professores não estejam soterrados em burocracias. Os professores perderam a paciência para ensinar e a paciência tem de estar no centro da pedagogia.



E os pais? O que podem fazer para criar seres humanos mais completos: dar um computador ou um smartphone ou levar os filhos ao teatro ou a um concerto?
Comprar o computador e levá-los ao teatro, a ler poesia, a ouvir um concerto porque tudo isso pode mudar a vida de uma pessoa. A música pode fazer milagres, como pode a ciência. O poder libertado do utilitarismo pode tornar a humanidade mais humana.









sábado, 6 de maio de 2017

O Jogo da Baleia Azul - artigo


A BALEIA NO MEIO DA SALa                  

António Esteves

António Esteves

Andamos todos por estes dias atordoados com um jogo - parece que há pelo menos quatro variantes no mundo inteiro alimentadas por redes sociais da darknet - que promove e estimula a auto-mutilação e o suicídio nos jovens. É mais um daqueles fenómenos que aparecem de repente, para os quais não estamos preparados e que nos deixam desarmados e sem reacção. Mas o problema vai mais fundo, não aparece com o jogo Baleia Azul e similares, e deve ser encontrado numa profunda reflexão relativamente às nossas relações sociais, familiares e profissionais.

Vivemos num tempo de múltiplos estímulos, ainda mais exigências e de pressão constante a vários níveis. Não temos tempo. Nem para nós, nem para os outros. Os nossos amigos que estão doentes acabam muitas vezes por morrer sem que tenhamos a oportunidade de um último almoço, um último jantar ou uma última conversa. 

Os mais velhos passam dias e dias sozinhos sem uma visita dos familiares mais directos que estão soterrados de trabalho e muitas vezes não conseguem libertar-se nem ao fim de semana das suas obrigações profissionais - quantos não são obrigados a acumular empregos para garantirem a sobrevivência familiar? 

Cansados e exaustos, muitos de nós não damos a devida atenção aos nossos filhos, não há conversas ao jantar, estórias de fim de dia ou actividades em conjunto. Não há convívio, não há acompanhamento, não há apoio, não há desabafos ou tempo para a simples parvoíce que ajude a desanuviar a intensidade dos nossos dias cada vez mais preenchidos.

Experimentem entrar num restaurante e vejam quantas famílias estão a conversar. Normalmente, para poderem colocar a vida em dia, os casais entregam telefones inteligentes aos filhos para que se entretenham em jogos electrónicos que permitam uma pausa e o desejado silêncio dos mais pequenos. Nas viagens de automóvel é vulgar vermos écrans nas traseiras dos bancos dianteiros com filmes infantis que ajudam a mitigar a impaciência dos miúdos, e os pais, os dois, ao telefone em conversas urgentes.

Porque as coisas dos adultos são sempre urgentes. Fico abismado com a quantidade de casais, pais de amigos dos meus filhos, preocupados porque os filhos mal falam em casa do que aconteceu na escola. Refugiam-se num impenetrável silêncio e só parecem ter gosto em estímulos virtuais mostrando enfado para as conversas reais, com pessoas a sério, em família, nem que seja apenas dez minutos ao final do dia.

Nos tempos que correm não temos tempo uns para os outros. Não conversamos, não desabafamos, não partilhamos experiências e problemas, não tentamos encontrar soluções em conjunto. Tentamos ganhar dinheiro, ser bem sucedidos e conquistar o máximo de bens materiais que mostrem ao mundo que conseguimos vencer na vida. 

Um dia aparece uma Baleia Azul qualquer, que já andava pela sala há uns tempos mas que quase ninguém parecia ver. Entramos em choque e ficamos sem reacção, aparvalhados e tolhidos pelo receio de que a coisa possa chegar lá a casa. Mas como não temos tempo, depressa optamos pela solução mais fácil e acreditamos que estas coisas só acontecem aos outros, a crianças sem família ou a famílias que não merecem a designação. Puro engano, o silêncio e o isolamento dá cabo de muitas famílias, com a mesma rapidez dos cancros agressivos e galopantes. Quase só os descobrimos quando já não há remédio. Vejam a taxa de divórcios ou de crianças que fogem de casa dos pais.

A solução é ridícula de tão simples. Abracem os vossos filhos quando se despedem pela manhã e não tenham vergonha de dizer que os amam muito e que estão orgulhosos na forma como estão a crescer. Quando os repreenderem façam-no com uma atitude compreensiva, de forma calma e tranquila e nunca com uma raiva incontida de quem não percebe onde falhou. 

Obriguem-se a jantar em conjunto, sem telemóveis à mesa e com a televisão desligada e inventem conversas interessantes ou simples parvoíces que ajudem a quebrar o gelo. Eles adoram as nossas histórias de infância e as nossas diabruras e tropelias. 

Aproveitem as deslocações de carro e inventem ou estimulem aqueles jogos que já tínhamos esquecido: cá em casa resulta muito bem o jogo dos carros de cores esquisitas ou palavras começadas por letras específicas. 

Deixem-nos correr nos jardins, mesmo que estejam molhados e com lama, e se possível descalços. Juntem-se a eles e lembrem-se que alguma verdade haverá nos anúncios de detergentes que nos garantem que fica tudo como novo nos programas mais simples daquelas máquinas de lavar complicadas. 

Abram mão de vez em quando de regras parvas como por exemplo: " na cama dos pais só ao fim de semana" ou "não mexes naquele brinquedo porque foi caríssimo". Caramba, é um brinquedo!. 

Aproximem-se dos vossos filhos, criem cumplicidades e amizade. A vulnerabilidade e as inseguranças podem ser mortais na juventude. E o silêncio também mata. As relações familiares e a auto-estima. 

É assim que aparecem as baleias. Não é do nada, é do tudo que vamos ignorando e perdendo.


https://www.rtp.pt/noticias/opiniao/antonio-esteves/a-baleia-no-meio-da-sala_999367

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A nova Educação

“A Nova Educação”, de César Bona
Qual a importância do professor no percurso escolar e na vida do aluno?
É vital. Nós vamos marcar a vida dos rapazes e das raparigas. Costumo dizer que a escola, a sociedade ou a vida não têm um muro. Temos de educar para a vida porque vamos influenciá-los. Vamos ser os seus modelos.
Mas entende que os professores estão muito fixados em ensinar, quando deviam estar preocupados com a aprendizagem das crianças e disponíveis para aprender com elas. Porque diz isto? 
Obviamente, quando escolhemos uma profissão, temos de dar o máximo. Supõe-se que estamos preparados para ensinar, mas não podemos esquecer que temos de estar sempre a aprender: com os nossos colegas, com a nossa família, e sobretudo com as nossas crianças. Além disso, quando dizemos às crianças que aprendemos com elas, estamos a promover a auto-estima. É importante que eles sintam que podem dar algo à turma, aos colegas e à sociedade. A essência de uma criança é composta por criatividade, imaginação e esperança. Então, se não tivermos isso em conta estaremos a perder uma grande oportunidade para que eles aprendam e para tirar deles o máximo partido.
"A essência de uma criança é composta por criatividade, imaginação e esperança. 
Criatividade. É um ponto em que insiste bastante. Como se pode estimular a criatividade dos alunos?
Sobretudo escutando, deixando-os falar. Não temos que ver as crianças como um recipiente que temos de encher de conhecimento.
E porque é que há professores que não estimulam essa criatividade? Dá mais trabalho? Falta tempo?
Não creio que seja uma questão de trabalho. Acho que quando nos tornamos adultos, esquecemo-nos de que fomos crianças. E quando trabalhamos com crianças devemos sempre lembrar-nos da criança que fomos. Assim vamos entendê-los melhor e eles entendem-nos melhor também.
Mas optar por um método de ensino em que se deixa a criança falar e em que se estimula a criatividade exige mais trabalho e disponibilidade da parte do professor do que uma aula expositiva. Ou não?
Não creio que dê realmente mais trabalho. Diz isso porque, por norma, a educação tem sido assim, expositiva. Temos vindo a criar metas individuais quando somos seres sociais. Em muitas aulas as mesas e as cadeiras estão voltadas para o quadro. Isso significa que o tipo de interação que queremos é que nos escutem e que repitam. Mas se vamos educar para a sociedade, temos de estimular o diálogo, a reflexão, o respeito.
Como organiza os seus alunos na sala de aula? 
Os alunos estão organizados em grupos, formados ao calhas. E vão mudando de grupo ao longo do ano. Quando estás com uma pessoa diferente de ti por perto vais aprendendo mais.
Como é que consegue garantir que as crianças, no meio da criatividade, e desta liberdade que lhes é dada, conseguem aprender o currículo imposto centralmente?
As editoras têm um grande peso. A informação que está num livro, está em todos. Se queremos educar para as competências devemos esquecer um pouco as disciplinas – a matemática, as línguas. Pode-se aprender muito mais coisas do currículo simplesmente fazendo-lhes perguntas ou permitindo-lhes fazerem perguntas.
http://observador.pt/especiais/devemos-conseguir-que-os-alunos-aprendam-e-nao-apenas-prepara-los-para-os-exames/

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Mala de jogos estimula os mais velhos



Em Viana do Castelo um professor desenvolveu várias actividades para estimular a memória e o raciocionio em pessoas da terceira idade. São jogos de madeira que se podem transportar num mala e que têm animado alguns lares.




sábado, 17 de outubro de 2015

Afetividade na aprendizagem

Afetividade na aprendizagem, entrevista com Felipe Bonilha. Programa Estação Saúde!

Na busca de saber a importância do afeto na relação entre aluno-professor, descobriu-se que a afetividade
já foi bastante estudada e considerada como um dos fatores a ser desenvolvido nessa relação,
pois é através das interações sociais que se constrói a aprendizagem. O professor pode ter uma postura de facilitador,
estimulando o processo de aprendizagem ou bloquear o desenvolvimento desse sujeito em construção.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O professor fala sobre a função da escola na transmissão de valores nos dias de hoje."

"A equipe da UNIVESP TV entrevistou o prof. Pedro Goergen, titular aposentado da Faculdade de Educação da Unicamp, sobre o seu texto: Educação Moral Hoje: cenários, perspectivas e perplexidades. O professor fala sobre a função da escola na transmissão de valores nos dias de hoje."