"Ao modelar o respeito pelos outros e incentivar esse comportamento em todos os que o rodeiam, a cultura de trabalho vai lidar com a tensão, conflito e desafio de formas mais eficazes e bem-sucedidas.
Um estudo realizado pelo Center For Creative Leadership revelou que tratar as pessoas com respeito diariamente foi uma das coisas mais úteis que um líder pode fazer para gerir conflitos ou tensões.
Uma descoberta interessante que surgiu do estudo foi que a ausência de desrespeito não é a mesma coisa que respeito.
A eliminação do desrespeito, através de palavras ou comportamentos rudes, insultuosos ou desvalorizados, não gera por si só respeito.
O respeito é uma ação, é criado através da demonstração de respeito.
A ausência de desrespeito não tem o mesmo impacto positivo na resolução de conflitos ou tensões.”
«Clive é professor de liderança e comportamento organizacional na Middlesex University, na Inglaterra. Nos últimos sete anos, ele estudou as evidências e os efeitos da liderança tóxica e, em particular, a influência da presença de psicopatas corporativos em vários resultados no local de trabalho, inclusive nos níveis de conflito e intimidação no trabalho.»
A fase Ingresso, na empresa, corresponde ao processo seletivo, onde o psicopata surge
como uma figura cativante, charmosa buscando seduzir o entrevistador para conseguir a vaga;
na fase “estudo de território” o psicopata já dentro da empresa busca construir relações com
os colegas influentes dentro da empresa;
na fase “manipulação de pessoas e fatos”, de forma
camuflada e disfarçado de amigo o psicopata semeia a discórdia entre colegas, espalha falsas
notícias, usa os colegas como ferramentas da sua estratégia de ascensão;
na fase da
confrontação o psicopata abandona as pessoas que considera não ter mais utilidade em sua
estratégia e passa a humilhá-las, essa é a arma para que esses colegas fragilizados se
mantenham em silêncio sobre o que sabem a respeito dele;
na fase de ascensão, o psicopata
alcança seus objetivos e obtém a posição desejada dentro da empresa, geralmente através de
demissões e rebaixamento de cargo de seu antigo chefe.
A AÇÃO DO PSICOPATA NA EMPRESA
O ambiente empresarial extremamente competitivo faz com que as algumas
organizações busquem por um perfil de profissional que o psicopata sabe desempenhar com
ninguém. Babiak e Hare (2006, p.256) afirmam que: “O clima empresarial de hoje,
acelerado, competitivo e muitas vezes caótico, promove o estímulo que os psicopatas buscam
e dá cobertura suficiente para seu comportamento manipulativo e abusivo”.
Alguns contextos organizacionais são mais propícios à atuação do psicopata
corporativo e ao assédio moral do que outros. Em alguns locais, o assédio encontra
espaço para se desenvolver sem que haja uma restrição, pelo contrário, o terreno se
mostra fértil e permissivo (Possas et al 2014, p.4)
De acordo com Silva (2014), na ânsia de crescimento em curto espaço de tempo,
algumas empresas perdem seus alicerces morais, e tendem a valorizar pessoas com
características inescrupulosas, para a autora, existem empresas e instituições psicopáticas.
Em um primeiro momento manter indivíduos com personalidade psicopática no
quadro de funcionários e geralmente ocupando cargos de liderança pode até ser produtivo e
vantajoso para a empresa, porém de acordo com Adrews (2015, p.1) em longo prazo eles
podem custar caro para a organização: “eles derrubam o moral da equipe, causam excesso de
rotatividade e reduzem a produtividade”. Desprovidos de consciência ética, de escrúpulos e
egocêntricos eles trabalham para eles mesmos e jamais para a empresa.
Para Horta (2001), psicopatas apesar não serem movidos por emoções, sabem “ler” as
pessoas, ou seja, conseguem rapidamente captar o que emociona o outro, o que fragiliza, o
que o deixa feliz e com isso conseguem aproximar-se e criar um vínculo aparente para agirem
inescrupulosamente, para esses indivíduos “infringir as normas e externar seus desejos
agressivos e predatórios sem nenhum escrúpulo ou culpa são atitudes naturais e, por isso
mesmo, isentas de qualquer autocrítica” (SILVA, 2014, p.100).
Estima-se que 1% da população adulta que trabalha é formada pelos chamados psicopatas corporativos, profissionais que não medem esforços para crescer e são capazes de ferir psicologicamente (quando não fisicamente) colegas de trabalho para conseguir o que almejam. Um estudo feito pelos pesquisadores americanos Paul Babiak e Robert Hare, dois experts no tema, afirma que cerca de 10% da população apresenta traços de psicopatia suficientes para ter impacto negativo em seus companheiros. Como o psicopata social, que se deleita com o sofrimento de suas vítimas, o corporativo não é louco, mas é essencialmente mau. “Ele está ciente dos efeitos que seu comportamento tem nas pessoas ao seu redor, mas simplesmente não se importa”, diz o psicólogo australiano John Clarke, autor do livro “Trabalhando com Monstros – Como Identificar Psicopatas no Trabalho e se Proteger Deles” (Editora Fundamento).
Psicopatia tem cura?
Não. Psicopatia é um transtorno de personalidade e não uma doença como muitos pensam, logo não existe cura para um transtorno, o que se pode fazer é tentar corrigir comportamentos suspeitos com acompanhamento de um terapeuta e psiquiatra, se forem notados logo na infância.
Contudo um adulto psicopata dificilmente mudará seu comportamento. Na essência ele não tem empatia por outros indivíduos, nem o sentimento de culpa, por isso costumam quebrar regras, mentir descaradamente e prejudicar os colegas sem o menor remorso. Para um psicopata ações imorais fazem parte da rotina naturalmente e por isso não hesitam em manipular e usar todo o seu charme e carisma para alcançar seus objetivos.
Méritos da autora Ana Beatriz Barbosa Silva, que, baseada em sua ampla experiência clínica em comportamento humano e psiquiatria, despiu sua escrita do jargão acadêmico em favor de uma linguagem envolvente e acessível a um público amplo. Ana Beatriz é referência em sua área de estudo, tornando-se presença constante na mídia, em especial na TV.
«Frios, calculistas e insensíveis à dor alheia, os psicopatas são, segundo a especialista, muito mais numerosos do que se supõe. São homens e mulheres de todas as idades, classes sociais, raças e religiões e podem passar a vida toda sem ser desmascarados. Têm em comum uma mesma rotina – seduzir, mentir, magoar, dissimular, trair, abusar, roubar, agredir – e, diferentemente de grande parte das pessoas, não sentem culpa, remorso, compaixão, arrependimento nem nenhum outro sentimento de responsabilidade para com as pessoas que ferem ou prejudicam. »
Falhas nos atuais modelos de organização familiar, educacional e social são dados importantes que podem se relacionar à psicopatia e merecem estudo aprofundado. No entanto, a autora acredita que não bastam, por si, para explicar o fenômeno da mente psicopata, esvaziada dos sentimentos nobres que nos distinguem como seres humanos. "Admitir que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o 'mal' habita entre nós, lado a lado, cara a cara", comenta a psiquiatra.