terça-feira, 29 de março de 2016

A importancia dos valores humanos na educação ( Parte 1 )

Este artigo tem por objetivo, apontar a necessidade de educar em valores, em todas as fases da vida do aluno, afim de que, os alunos aprendam ainda pequenos a conhecer, conviver, entender e respeitar ao próximo. Pois somente dessa forma, conseguir-se-á formar adultos com referenciais de cidadania e de respeito.


1 – INTRODUÇÃO
Segundo Houaiss, o valor humano se define da seguinte forma: qualidade humana de natureza física, intelectual ou moral que desperta admiração de todos.
Atualmente, a maior preocupação dos pais, da escola e da sociedade como um todo, tem sido de oferecer às crianças e adolescentes conhecimentos, profissionalização para galgar espaço no mercado de trabalho, objetivando ascensão social e profissional, e ainda enfatizando a individualidade e a competitividade. Fica-se, portanto, esquecido, a base de valores humanos, tão primordiais para a vida, que possibilitam uma realização e felicidade verdadeira. Esta negação de valores na formação dos indivíduos tem ocasionado profissionais infelizes e frustrados. A vivência dos valores alicerça o caráter e reflete na conduta do ser humano.
Não basta que só os educandos sejam educados em valores, é preciso que esta educação seja estendida aos pais, professores, comunidade escolar e sociedade. É, pois, um trabalho de orientação, conscientização e comprometimento. Porém, os valores não podem ser impostos, sufocando a personalidade da criança, mas percebidos por elas nas atitudes de todos que educam.
É importante refletirmos com o escritor Augusto Cury, quando afirma em seu livro, Pais brilhantes, Professores Fascinantes, que, "estamos informando os jovens, e não formando sua personalidade." (2003, p.15). Esta afirmação nos leva a uma reflexão crítica de como estamos agindo e o que esperamos desses jovens no futuro.


Neste trabalho se abordará questões relevantes para o ensino em valores, assim como se pretende estudar os problemas e soluções mostrando caminhos para mudanças, bem como o papel de cada meio social na transformação de um mundo mais promissor ao bem estar social, preocupados com a formação de cidadãos capazes de agir como seres humanos que são racionais e conscientes.
2 – DESENVOLIVIMENTO
Ao ensinar através da orientação aos alunos, os valores humanos, se está evidenciando a grandeza destes no decorrer da vida. Ao se mostrar o benefício que os mesmos trazem no desenvolvimento social, percebe-se que os valores deixam de ser algo que se possa escolher em ter ou não ter, para tornar-se essencial à vida; como o alimento de todos os dias. São os valores que permitem a convivência humana; e portanto, não podem ser considerados como opção. O ser humano pode até fiar sem determinado conhecimento que o impedirá de ocupar um cargo, porém não lhe é possível viver sem relacionamento, sem o convívio entre pessoas. O valor está impregnado no processo de crescimento e desenvolvimento humano.
O viver em sociedade exige valores que proporcionam ao homem participar do processo social natural, como, por exemplo, trabalhar para seu sustento. Tudo que faz do homem um ser humano, depende de valores.
Os educandos são o alvo quando se luta por um ensino de qualidade, que visa à formação de estudantes pensantes, críticos e capazes de batalhar por um espaço no mundo profissional. Pensando assim, deve-se estar atento sobre como são influenciados a aprender. Como pode se observar na citação de Dorothy Law Nolte e Rachel Harris,(2003 p.15), quando diz "As crianças são como esponjas. Absorvem tudo o que fazem, tudo o que dizemos. Aprendem conosco o tempo todo, mesmo quando não nos damos conta do que estamos ensinando".


3- OS VALORES HUMANOS NA EDUCAÇÃO
Antônio Lopes de Sá, em seu livro Ética e valores humanos, 2001, p. 39, nos diz que "muito se tem discutido sobre as dificuldades que envolvem o ato educacional, tem-se buscado incessantemente soluções para tais dificuldades, porém muito pouco se tem encontrado. Vive-se em um período de transição de valores, que influencia diretamente a educação, no que tange o aprendizado e desenvolvimento dos alunos."
"A urgência de compreender melhor o inter-relacionamento dos seres humanos, assim como suas expectativas e níveis de interesse, tem levado nestes últimos anos a um aprofundamento radical nos estudos éticos e morais, ressaltando deste modo uma nova e promissora perspectiva para o crescimento e educação das futuras gerações". ( Sá, 2001, p.47)



Entende-se que a educação transcende os muros da escola, sendo influenciado por todos os espaços que os alunos convivem, percebe-se que os valores éticos, morais , sociais e culturais, precisam ser considerados e integrados no processo ensino-aprendizagem, á partir de uma Educação básica de qualidade . Esta educação de qualidade, é aquela capaz de oferecer a todos os cidadãos, crianças, jovens e adultos, aquelas condições que Toro, chama de "Códigos da Modernidade",( 1997, p. 95) que configuram os requisitos mínimos para se trabalhar e viver em uma sociedade moderna.


As novas gerações possuem uma nova visão de mundo, os interesses são outros e a forma de aprendizagem e crescimento também é outra. Sofreu alterações e com isso a educação deve ser atenta em acompanhar essa evolução, sem, portanto, deixar de mostrar a importância e a necessidade de se conservar "valores base", que a qualquer época, independente da evolução do mundo, precisa-se ter para haver convívio e relacionamento entre as pessoas.
Vivemos em um mundo capitalista, onde a sociedade prega a competição, a individualidade e o egoísmo, é preciso que educadores e educandos saibam que apesar de toda dificuldade em conseguir alcançar os objetivos, por causa da competitividade, há como conseguir, sendo honesto, generoso, justo, solidário e agindo com ética. É preciso mostrar ainda, que mesmo enfrentando enormes dificuldades no mercado de trabalho e no social, a melhor forma de conseguir espaço é batalhando para conquistá-lo.
Levando em consideração que os alunos são seres humanos dotados de sentimentos, problemas, valores, e são únicos nas suas individualidades, nota-se que o ato de educar não ocorre separadamente, e que os sentimentos estão presentes no ensino, no desenvolvimento e crescimento destes alunos.
3.1 - OS DIVERSOS OLHARES SOBRE OS VALORES HUMANOS
Refletindo o tema valores humanos percebe-se a necessidade urgente de se ampliar essa visão dentro de nossas escolas. Educar para a cidadania é uma tarefa árdua e requer empenho e muita luta a fim de se alcançar os objetivos almejados e propostos pelos pensadores de uma educação para a democracia, que implica na luta constante pela divulgação e pelo respeito aos direitos humanos e da inserção dos valores éticos e morais nos currículos escolares.

"...um currículo escolar sobre ética pede uma reflexão sobre a sociedade contemporânea na qual está inserida a escola; no caso, o Brasil do século XX. Tal reflexão poderia ser feita de maneira antropológica e sociológica: conhecer a diversidade de valores presentes na sociedade brasileira. No entanto, por se tratar de uma referência curricular nacional que objetiva o exercício da cidadania, é imperativa a remissão a referência nacional brasileira á Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Nela, encontram-se elementos que identificam questões morais". (PCN, vol 8, 2001, p.70

Os valores funcionam em nossas vidas, não nos momentos em que falamos ou escrevemos sobre eles, mas nos momentos em que decidimos e agimos tomando-os por fundamento, por base de nossas ações. O objetivo de educar em valores é levar o aluno a refletir sobre sua conduta e a dos outros.



Ao tratar o tema: ética, os PCN, p.49 propõe uma pergunta: "Como devo agir perante os outros? E essa é a pergunta que deve nortear a conduta dos educadores e educandos ao tratar de valores.
Os valores pesam na balança de nossas tomadas de decisão, eles valem quando fazem inclinar nossas atitudes ou nossa conduta numa direção, e não em outra. Os valores, ao fazerem nossas decisões e ações tomarem determinado rumo, estão funcionando como a fonte do sentido de nossas opções, de escolhas, de nossas decisões, de nossos atos, de nossas atitudes, de nossas ações.
"Os valores não são conhecimentos apenas cognitivos", ( Associação Filosófica Scientiae Studia 2008). Eles transcendem a cognição. Uma pessoa pode falar o tempo todo de justiça e mesmo assim ser injusta nos seus atos cotidianos. Os valores devem ser vividos e experimentados. A vivência dos valores no nosso dia-a-dia deve ser tão convicta que contagie os jovens que ao nos ver vivendo tais valores tenham o mesmo desejo de vivê-los e de experimentá-los.
Como educar para os valores dentro da escola? Não basta apenas uma boa aula expositiva sobre o assunto. É preciso criar oportunidades educativas para que a criança e o adolescente possam vivenciar as situações que os façam tomar decisões, ter atitudes.
"... se os valores morais que subjazem aos ideais de constituição brasileira não forem intimamente legitimados pelos indivíduos que compõem este País, o próprio exercício de cidadania será seriamente prejudicado, para não dizer, impossível. É tarefa de toda sociedade fazer com que esses valores vivam e se desenvolvam. E, decorrente, é também tarefa da escola." (PCN, vol 8, 2001, p.7

Os direitos humanos não são aprendidos de cor, mas praticados, caso contrário desaparecem da consciência da humanidade. A tarefa de humanizar deve brotar de nossas iniciativas educativas.



Como dizia Paulo Freire "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (2001, p. 68), todos temos algo a receber. No campo de direitos humanos não existem experts e nem ignorantes somos todos aprendizes.
Nossas instituições escolares estão carentes dos valores morais e éticos e isso é algo que causa preocupação, pois a violência entra pra dentro das salas de aulas de nossas escolas, exigindo de nós educadores uma postura com relação à educação que estamos oferecendo às nossas crianças, adolescentes e jovens.
Em reposta a essa realidade precisamos oferecer uma educação que conduza para a paz, para a formação de valores, e essa educação não pode acontecer apenas de maneira teórica, mas prática, vivenciada tanto por educandos quanto por educadores.



3.2- O PORQUÊ DA PERDA DE VALORES HUMANOS
As mudanças ocorridas no mundo atual têm contribuído sobre maneira para o esquecimento de valores humanos, (Torres, 2008, p 6), ou seja, para a desvalorização dos valores que muito contribuem para a formação de cidadãos autônomos, críticos, que cumprem com seus deveres, e respeita os direitos dos outros, assim, como sabendo agir com dignidade, honestidade, lealdade, e tantos outros valores que um ser humano de bem precisa possuir.

"Vivemos em uma época em que proliferam veículos de má qualidade e, sob o pretexto de liberdade, é praticada uma corrosão moral educacional, tudo com a complacência de muitos pais, professores e especialmente do PoderPúblico." (Sá, 2001, p.50)
O que se vê atualmente é o grande número de meios de comunicação, como internet, jogos, revistas, pregando o egoísmo, a competitividade, e outros pontos que degradam o caráter do ser humano bom. Percebe-se que os valores ensinados pela família e pela escola estão perdendo o valor no meio social, prevalecendo os conceitos firmados pela mídia. As famílias têm perdido seus filhos para a televisão, internet, jogos virtuais, vídeo games e tantos outros atrativos que despertam o interesse e a curiosidade da nova geração (Sá, 2001, p 85). Com isso, não há espaço para o diálogo, algo imprescindível para o convívio familiar, relacionamento entre pessoas e ensino de valores. Os filhos já não se espelham mais nos pais, mas nos artistas, que a mídia insiste em colocar como perfeitos e exemplos de vida; os pais agora são chamados de obsoletos, ultrapassados. hoje, o ensino que mais prevalece é o fornecido pelos meios de comunicação, como se sabe, não é o de valores humanos.


É imprescindível que a família volte a ocupar o lugar que lhes é de direito e obrigação de educar os filhos. Mesmo com tanta evolução e distorção de condutas corretas; os pais precisam encontrar espaço neste mundo da tecnologia, pra ensinar valores indispensáveis para a formação do ser humano, como amor, respeito, companheirismo, dignidade, paz, honestidade e etc

"A família, a escola, a Universidade e a sociedade em geral não podem prescidir de seu compromisso social de colaborar na implantação do bem estar social e assim coibir o espaço de avalanche contra os valores, muitas vezes amparados pela influencia inconteste dos meios de comunicação sócia". ( Enricone, 1992)

Partindo do princípio que todos os órgãos sociais, incluindo a família, educa com suas palavras e principalmente com suas ações, faz-se mister atentar-se para os valores que estão sendo ensinados; pois um dos maiores obstáculos pra a difusão da educação em valores humanos é o abismo existente entre as palavras e as atitudes.
Educadores que pretendem educar baseados em valores humanos devem sempre começar por praticá-los. Todos, pais, educadores e a sociedade, precisam responsabilizar-se pelo ensino, uma vez que o aluno aprende em todos os meios sociais onde está inserido; deixando de pensar que é apenas função da escola ensinar, o que vem ocorrendo freqüentemente. Não basta, portanto, que cada órgão ou entidade faça a sua parte, é indispensável que se interfira no ensinamento do outro, quando este não condizer com o bem estar social. Assim, nota-se que a formação da personalidade das crianças/adolescentes está comprometida pelo desequilíbrio social, onde não se valoriza o amor pelo próximo, o respeito mútuo; enfim, onde se dá mais valor ao ter do que ao ser.


É útil salientar que valores como virtude, respeito, compreensão, amor e outros com relevante importância, não são obsoletos e nem dispensáveis, pelo contrário, são extremamente necessários para o convívio social; sem estes não há bons relacionamentos, não há diálogo e entendimento. A perda de valores humanos ocorre muitas vezes através dos maus exemplos, da ação errônea do outro. As pessoas acreditam e fazem o que a maioria acredita e faz, não quer, mesmo estando certo, pertencer a uma minoria, que por agir com generosidade, honestidade, respeito ao próximo são discriminadas. Não há reflexão, opinião própria, sofre influência facilmente e entendem como necessário, ser, pensar e fazer igual à maioria, para ser aceito no meio onde vive.
Partindo do princípio que os exemplos educam e ensinam muito mais que as palavras, percebem-se alunos justificando seus erros, seus modos de agir e falar, devido a existência de um outro que também erra, agi e fala como ele. Quando o educando vivencia o erro torna-se para ele natural; ou melhor, deixa de ser aos olhos dele. Ou ocorre que, mesmo conscientes de que é errado, acham-se no direito de errar, justificando-se no erro do outro.



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