"Mas a violência psicológica também se pode exprimir através de uma grande doçura. A chantagem afectiva permite ao adulto impor vontades ou proibições à criança “para seu bem”, ou porque “isso faz muito mal”. “Se não vieres comigo às compras, já não gosto mais de ti”, diz uma mãe ao filho. Nada melhor para culpabilizar uma criança insegura que se acha em risco de perder o amor dos pais a qualquer momento.
Todas estas formas de violência psicológica revelam sempre uma impotência.
Um pai ou uma mãe que humilham o filho ou o chantageiam negam-se a si mesmos enquanto pais."
A literatura está cheia de histórias de crianças que tiveram maus começos na vida porque os pais não reconheceram o seu valor. Cenourinha , a personagem de um romance de Jules Renard, é um rapazinho constantemente humilhado pela mãe, porque teve a infelicidade de nascer com o cabelo ruivo. Reduzida a sua importância à cor dos cabelos, a Cenourinha é negado o estatuto de pessoa rica e complexa, já que não passa de uma cor, de um legume! Como poderá ele gostar de si mesmo, aceitar-se, descobrir e desenvolver as qualidades pessoais, uma vez que a própria mãe lhas nega? Esta rejeição constitui uma violência absoluta, porque nega à criança o direito de existir como é.
“Nem toda a gente tem a sorte de nascer órfão!”, lamenta-se Cenourinha. Reparem como ele exprime o desejo da morte da mãe com humor. Só uma personagem de romance pode rir-se do facto de não ser suficientemente amada.
"Alguns recorrem ao humor, outros ao ódio. Alguns fechar-se-ão a toda e qualquer demonstração de carinho, enquanto outros apostarão nos estudos ou mergulharão na criação artística. Outros autodestruir-se-ão. Mas nós, adolescentes, ao contrário das crianças muito pequenas vítimas dos pais, começamos a observar o que se passa na nossa família com um certo recuo. "
https://dialogodegeracoes.wordpress.com/2008/09/19/violencia-familiar-violencia-psicologica/
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