A educação na escola (educação formal) pode ser resumida como aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado. A educação não-formal, porém, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino, não se deve confundi-la com a informal, que é aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer.
A vivência do cotidiano escolar significa uma experiência de vida, localizada em um espaço, cuja materialização é muito objetiva. O conteúdo da experiência escolar varia de sociedades, de culturas, de escolas, de sujeitos.
Uma das tarefas mais complexas da coordenação pedagógica e dos dirigentes é reordenar os espaços, os tempos e o trabalho dos profissionais de modo a permitir que diferentes propostas pedagógicas se tornem realidade, acontecendo um processo real e complicado de comunicação entre os sujeitos. Ao organizar o tempo e o espaço escolar, não podemos perder na abstração das normas.
Para construir uma nova forma de organização dos tempos, é preciso superar a idéia de cronometrar o tempo, organizado em etapas em ascensão, calcado na tecnologia de aceleração, da qualidade total e da produtividade. Reorganizar o tempo na escola é dar aos alunos condições adequadas para pensar, agir e interagir com o conhecimento e com a vida.
O aluno deve desenvolver sua criatividade, sugerir, propor e solucionar problemas, levantar e reelaborar hipóteses, saber tomar decisões, desenvolver a capacidade de expressar por varias linguagens – trabalhando com diversas fontes de conhecimentos. Afinal, conhecer é descobrir a razão das coisas, é procurar soluções para o que não entendemos, é observar, questionar, registrar, analisar, generalizar.
Importante também à educação é a interdisciplinaridade, que é um principio mediador entre as diferentes disciplinas, elementos teórico-metodológico da diferença e da criatividade, de transversalidade que é um procedimento didático-pedagógico. Porém, não basta que se interagem conteúdos, a postura interdisciplinar envolve uma determinada forma de conceder e se relacionar com o conhecimento produzido socialmente. O envolvimento é condição para a prática de interdisciplinaridade. Um projeto de interdisciplinaridade de trabalho ou de ensino consegue captar a profundidade das relações conscientes entre as pessoas e entre pessoas e coisas.
Na reflexão dos princípios norteadores de uma prática interdisciplinar, é fundamental a compreensão de que a aprendizagem escolar é parte de um processo maior que é a vida social, na qual alunos e professores são sujeitos que compartilham espaços e tempos. Uma política interdisciplinar pressupõe uma renovação de idéias, valores e concepções. O que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a modificação num exercício de pensar.
A interdisciplinaridade pode ser dificultada de acordo com o tempo e o espaço no qual a escola é organizada.
EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL
Na educação não-formal a cidadania é o objetivo principal, e ela é pensada em termos coletivos, se dá por meio da prática social. A educação não-formal caracteriza-se por não ter a importar em desenvolver um currículo predefinido, que se faz principalmente baseado em desejos, necessidades e interesses das pessoas que constituem os grupos envolvidos em ações e práticas desse campo educacional.
As propostas da educação não-formal têm como objetivo central enriquecer a biografia dos indivíduos, ampliando a gama de vivências e experiências formativas de crianças, jovens, adultos e idosos. Nela destaca-se o encontro de gerações, a mistura de idades, a não obrigatoriedade de frequência e a ocorrência de ações e experiências em espaços e tempos mais flexíveis, não restritos ou fixados por órgãos reguladores.
Ela designa em um processo com diversas dimensões, que correspondem a suas áreas de abrangência, que são:
a) a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos;
b) a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades;
c) a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos;
d) a aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados;
e) a educação desenvolvida na e pela mídia, em especial a eletrônica.
O que diferencia a educação não-formal da informal é que na primeira existe a intencionalidade de dados sujeitos em criar ou buscar determinadas qualidades e/ou objetivos, é define por uma ausência, em comparação ao que há na escola (algo que seria não-intencional, não-planejamento, não-estruturado), tomando como único paradigma à educação formal.
A educação informal decorre de processos espontâneos ou naturais, ainda que seja carregada de valores e representações, como é o caso da educação familiar, por exemplo, a educação transmitida pelos pais na família, no convívio com amigos, clubes, teatros, leitura de jornais, livros, revistas etc.
Para fins didáticos os campos da educação não-formal dividem-se em: destinado a alfabetizar ou transmitir conhecimentos que historicamente tem sido sistematizado pelos homens e mulheres, planejados para as clientelas sujeitos das ações educativas, com uma estrutura e uma organização distinta das organizações escolares, abrangendo a área que se convencionou chamar de educação popular e educação de jovens e adultos, e, abrange a educação gerada no processo de participação social, em ações coletivas não voltadas para o aprendizado de conteúdos da educação formal.
Cita Maria da Glória Gohn,
“Até os anos 80, a educação não-formal foi um campo de menor importância no Brasil, tanto nas políticas públicas quanto entre os educadores… Em alguns momentos, algumas luzes foram lançadas sobre a educação não-formal, mas ela era vista como uma extensão da educação formal, desenvolvida em espaços exteriores ás unidades escolares”. (p.91)
Antes esta educação era vista como uma união de processos esboçados de obtenção à participação indivíduos em áreas de extensão rural, animação comunitária, treinamento vocacional ou técnico, educação básica, planejamento familiar etc.
Nos anos 90, a educação não-formal alcançou modificação na economia, na sociedade e na área trabalhista, passando-se a estimular os processos de aprendizagem em grupos e a dar-se amplo destaque aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos. Falou-se de uma inovação na cultura organizacional que, em geral, exige a aprendizagem de habilidades extra-escolares. Têm colaborado também agencias e organismos internacionais, como a ONU e a UNESCO, bem como alguns estudiosos.
No Brasil, a educação não-formal nos últimos anos, vem se caracterizando por propostas de trabalho voltadas para a camada mais pobre da população, promovidas pelo setor público ou idealizadas por diferentes segmentos da sociedade civil, muitas vezes em parceria, com o setor privado, desde ONGs a grupos religiosos e instituições que mantêm parcerias com empresas. A divulgação também vem sendo explorada pela atuação da educação não-formal, preocupação e ações relativas a questões que envolvem a ecologia e problemas com o meio ambiente.
DISTINÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO-FORMAL
Concluo que a sociedade, independente do grau de conhecimento que ela obtenha, tem que haver educação formal tanto quanto educação não-formal. Pois, não é limitado o lugar de aprendizagem, obtemos novos conceitos numa leitura de um livro assim como numa simples conversa amigável – (informal).
A educação não-formal, apesar de apontar e oferecer outras possibilidades diferentes das escolares, não burocratizadas, menos hierarquizadas, mais rápidas e algumas propostas mais econômicas, não deve tomar para si a salvação do sistema formal de ensino. Nesse caso, estaria contribuindo, inclusive para o desmanche da escola pública e para a desresponsabilização estatal/pública para com esse setor.
Penso que, tanto as oportunidades de acesso à formação e aquisição de conhecimentos oferecidos pela escola devem ser acessíveis a todos, como também as oportunidades oferecidas pelas diversas propostas de educação não-formal, favorecendo um trânsito democrático e igualitário dos “usuários” dessas diferentes e importantes vivências de socialização e formação.
A educação escolar ou a não-formal é como deveria ocorrer de fato, independente do contexto em que se dá o processo educacional, ele ocorra com qualidade (ou ao menos com a melhor qualidade dentro das possibilidades oferecidas e determinadas pelo momento sócio-histórico em questão). É de extrema importância deixar claro quais são essas condições, quais são os limites impostos por elas e quais as alternativas para superá-las.
Foi, e é o momento de redefinição de papeis, resignificação e reconstrução das identidades institucionais. Cabe salientar que o surgimento da educação não-formal não se dá com o objetivo de ocupar o espaço ou substituir o papel da educação formal e da informal, mas para dividir e partilhar os diferentes fazeres desse novo tempo.
A educação tem que ser livre, no espaço e no tempo, pois, o importante é o aprendizado necessário. Se possível de forma interdisciplinar.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal e cultura política: impactos sobre o associativo do terceiro setor. São Paulo: Cortez, 2001.
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